Ao primeiro vislumbre da silhueta de Darth Vader, a sala de projeção vem abaixo. Aplausos, gritos, lágrimas, sabres de luzes acesos. Não tem jeito, ele rouba a cena, mesmo. Foi assim na pré-estreia em Porto Alegre, na noite desta quarta-feira, e não deve ter sido diferente em outros lugares do mundo. Mas, calma: Rogue One – Uma História Star Wars se esforça para ser bem mais do que um imenso fan service.
O filme é o primeiro produto da saga Star Wars fora da cronologia original a chegar aos cinemas. Seu diretor, Gareth Edwards, pouco ou nada deve ter feito, porque Rogue One segue à risca o manual escrito pelo criador do seu universo, George Lucas, e comprado pela Disney. Planos, focos, trilha sonora, diálogos, enquadramentos, paleta de cores, tudo de acordo com o cânone.
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A diferença mesmo está no tratamento dado à uma das forças motrizes de Star Wars, a batalha entre o lado escuro e o lado luminoso da Força, do bem contra o mal. Se nos filmes anteriores mocinhos e bandidos se comportavam exatamente como se espera que mocinhos e bandidos se comportem (pelo menos no cinema americano de massa...), em Rogue One há uma inédita (e bem vinda) área cinzenta.
Na história, que se passa em um intervalo de tempo entre os episódios III e IV (ou seja, entre a queda de Anakin Skywalker e a ascensão de Darth Vader), descobrimos que a aliança rebelde, em seus primórdios, não era tão vestal quanto ficaria para a posteridade. Um dos seus meninos de ouro, Cassian Andor (o insosso Diego Luna) não pensa duas vezes antes de cometer assassinatos – ordem que parece também natural ao comandante da Rebelião. Extremista que luta contra as forças imperiais e é considerado um herói de guerra, Saw Gerrera (Forest Whitaker) é adepto de sequestro e tortura.
Essa ambiguidade afasta de maneira saudável Rogue One de outros filmes da franquia. Menos infantil, o longa permite-se trabalhar personagens mais interessantes também. Se não fosse por Darth Vader, por exemplo, o grande momento de Rogue One seria do robô K-2SO, interpretado com acidez e precisão por Alan Tudyk. Ou a dupla (casal?) Baze (Wen Jiang) e Chirrut (Donnie Yen).
Felicity Jones, como a protagonista Jyn Erson, carrega a chama do protagonismo feminino de Star Wars com menos força que Carrie Fisher (Leia) e Daisy Ridley (Rey), mas também não decepciona. É ela quem lidera, meio sem ter muita escolha, um grupo de bastardos inglórios da Rebelião na captura dos planos da Estrela da Morte, a arma de destruição em massa que será apresentada ao universo pelo Império no quarto filme (na ordem cronológica) da saga.
Essa ponte entre Rogue One e Uma Nova Esperança, aliás, talvez seja a melhor parte do filme. São pouco menos de 10 minutos de um conhecido sabre de luz vermelho cantando pra cima dos rebeldes seguido de um surpreendente e delicioso fan service. Ao que tudo indica, a Força está em boas mãos.
*ZERO HORA