Porto Alegre já tem nova data para ficar sem um de seus maiores símbolos culturais. A partir do dia 27 de setembro, a estátua do Laçador será retirada para um restauro. Por cerca de 90 dias, o local demarcado como sítio do gaúcho pilchado ficará vazio.
Antes, a previsão era de que a obra durasse quatro meses, mas uma nova análise reduziu esse tempo. Atualmente, o monumento sofre com fissuras e rachaduras. Para resolver o problema, o portento de bronze de 4,4 metros e 3,8 toneladas precisará ser transportado a outro local para ser aberto, reparado, estruturado e fechado novamente.
Os problemas no monumento criado por Antônio Caringi, tombado como patrimônio histórico de Porto Alegre em 2001, são conhecidos desde 2016. Mas foi em março de 2017 que uma pesquisa preliminar deu o ultimato: era necessário que os reparos fossem realizados dentro de uma década, antes que a estátua corresse o risco de desabar. Participaram da análise a engenheira metalúrgica Virginia Costa e o restaurador francês Antoine Amarger, autoridade mundial no assunto.
Agora, o projeto pode finalmente sair do papel. Viabilizada pela Lei de Incentivo à Cultura do Rio Grande do Sul, a proposta de restauro faz parte da plataforma Resgate do Patrimônio Histórico, criada pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-RS). O custo total da obra é de R$ 900 mil, sendo que R$ 810 mil foram captados por meio da legislação criada pelo governo do Estado.
Responsável técnica pelo projeto, a arquiteta Verônica Di Benedetti já havia afirmado à reportagem de GZH que as fissuras eram consequência de um erro. Segundo ela, em 2007, quando o Laçador saiu da Avenida Farrapos com a Avenida Ceará e passou a integrar o cenário da Avenida dos Estados, obreiros teriam colocado argamassa de cimento com resto de tijolo dentro do monumento até a altura da bombacha, a fim de tentar estabilizar a estátua. Exposto às intempéries, o material trabalhou ao longo dos anos e começou a se romper.
Agora, para o restauro, o Laçador será aberto para que todo esse cimento seja retirado. Além disso, vai ganhar uma estrutura interna em aço inoxidável para funcionar como uma coluna — originalmente, a obra é oca. Antes de ser devolvida, a estátua ainda receberá um tratamento com pátina química para deixar o acabamento sem cicatrizes permanentes.