Os principais pontos detectados durante a inspeção realizada na semana passada na estátua do Laçador foram apresentados nesta segunda-feira. A análise final ainda não está pronta, conforme a coordenadora do projeto, a consultora em conservação do patrimônio Virginia Costa. A intenção do comunicado desta segunda era dar um retorno à comunidade e a todos os interessados sobre a avaliação que foi feita. O evento de apresentação ocorreu no Teatro Sinduscon, com direito a show do grupo musical do Sindicato da Indústria da Construção Civil e palestra do restaurador francês Antoine Amarger, especialista em esculturas metálicas.
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De acordo com Virginia, o que se viu no Laçador foram trincas, fissuras e acúmulo de água em determinadas partes que podem acelerar a deterioração da escultura. Segundo ela, embora não sejam urgentes, os reparos precisam ser feitos. O relatório que irá determinar o diagnóstico oficial da avaliação deve ficar pronto nas próximas semanas. Nele, será estabelecido qual tipo de intervenção deverá ser feita, quais os materiais necessários e as condições para a restauração.
– Vamos determinar, por exemplo, se será preciso andaime, plataforma, guindaste, se teremos de remover a escultura ou se podemos fazer os reparos no local. Depois dessas constatações é que será possível fazer um orçamento – esclarece Virginia.
A consultora em conservação e patrimônio diz ainda que para construir uma proposta de intervenção é preciso levar em consideração tudo o que foi visto.
– É preciso ter um plano A e um plano B, pois, às vezes, para arrumar uma coisa, é preciso abrir outra. Estamos avaliando isso. No relatório, vamos expor todos os aspectos observados ao longo da semana – acrescenta.
Para fazer a avaliação, foi montada uma equipe composta por engenheiros, arquitetos, restauradores, historiadores e até mesmo um químico. O principal integrante do grupo é o especialista em restaurar esculturas metálicas Antoine Amarger, que já recuperou obras em diversos lugares do mundo. A coordenadora da equipe afirma que, além de fazer uma avaliação, a intenção era criar um grupo de aprendizagem que foi selecionado previamente para capacitar pessoas a fazerem esse tipo de trabalho no Brasil, uma vez que no país não há especialistas em restauração de obras feitas com metais.
Problemas são estruturais e precisam ser corrigidos
Durante a palestra, Amarger falou sobre o Laçador e sobre outras obras que já restaurou, inclusive casos que tratou na França e que se assemelham ao da Capital. A respeito do monumento, o restaurador disse que os problemas detectados inicialmente são técnicos e estruturais.
– Não há nenhum reparo necessário que não possa ser executado. Não é tão grave que precise ser imediato, mas precisa ser feito em até 10 anos – afirma o especialista. – Os problemas detectados são estruturais, o que gera uma preocupação. Existe uma fragilidade real e importante, pois, como são problemas relacionadas à estrutura da estátua, (o trabalho) precisa ser feito para evitar que a escultura desabe.
O vice-presidente da Sinduscon-RS, Zalmir Chwatzmann, acredita que o relatório sobre a totalidade dos problemas encontrados na estátua deverá ficar pronto em até três semanas e que a captação de recursos para executar o projeto não deve ser problema.
– Provavelmente, teremos de fazer um novo projeto que contemple a contratação do restaurador, e isso precisa passar por aprovação. A estimativa que faço é de que a restauração seja feita no segundo semestre de 2018. A captação de recursos não é mais um problema, porque os nossos projetos são bons, e algumas empresas compreenderam a importância do que nós estamos fazendo – afirma Chwatzmann.
A restauração do Laçador faz parte de um projeto chamado Construção Cultural, realizado desde 2014, por meio de parcerias firmadas entre a prefeitura de Porto Alegre, a Associação Sul Riograndense de Construção Civil e o Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul, além de verbas do programa Pró-Cultura da Lei de Incentivo à Cultura. O projeto já atuou nas intervenções de 32 monumentos no Parque da Redenção.