A Fundação Iberê Camargo prepara-se para reabrir as portas fechadas há quase seis meses pela pandemia tão logo seja possível, mas a manutenção do espaço cultural e o desenvolvimento de projetos futuros precisam de apoio. Para arrecadar recursos, a instituição promoverá um leilão online nos próximos dias 9 e 10, no site da Santayana Leilões. Serão apresentados aos interessados 149 lotes, entre pinturas, esculturas e joias, assinadas por 116 artistas, 94 deles gaúchos. Qualquer pessoa pode enviar lances a partir de R$ 200.
Ingrid de Kroes, cônsul honorária da Holanda em Porto Alegre, e as artistas Olga Velho e Cristina Leal, com apoio da comissão de embaixadoras do centro cultural, formada por quase 30 mulheres, estão à frente da iniciativa. O grupo repete a ação com o mesmo objetivo realizada em novembro de 2018, quando foi promovido um jantar para leiloar obras, no qual foram arrecadados R$ 2,4 milhões. Na época, o valor ajudou a sanar grande parte de uma dívida do espaço cultural, segundo seu superintendente, Emilio Kalil.
Neste novo leilão, todas as obras foram reunidas por meio de doações dos artistas ou seus familiares. Por se tratar de um instituição privada e sem fins lucrativos, a Fundação Iberê Camargo depende da captação financeira.
— Estamos trabalhando sempre à beira do perigo, mas seguimos em dia com os pagamentos. Aquele leilão se mostrou como uma forma de envolver a comunidade gaúcha em um evento em que todos soubessem da importância da Fundação e como apoiá-la — explica Kalil.
Entre esta sexta-feira (4) e terça-feira (8), todas as peças podem ser conhecidas presencialmente na própria Fundação, das 14h às 18h, em visitas agendadas pelo telefone (51) 3247-8001. Mesmo com um catálogo variado e com obras assinadas por artistas de grande renome, Kalil prefere não destacar nenhum item específico, mas sim o espírito coletivo e a solidariedade que envolvem a ação:
— São artistas que deram um pouco de si, que estão desembolsando sua criação para ajudar o Iberê, não só de forma simbólica, mas também financeira. Tem pintores, por exemplo, que já estão (com trabalhos) avaliados em R$ 6 mil, ou seja, é um dinheiro que estão deixando de arrecadar para nos ajudar
Obras
Como todo o catálogo já está aberto para lances, o público pode ter uma dimensão de quais são as obras mais valiosas. Até o fechamento desta reportagem, o quadro de maior valor no site do leilão era Sol Vermelho (1951), de Iberê Camargo, com o lance a partir de R$ 250 mil. A pintura retrata uma vista de Santa Teresa na época em que o artista viveu no Rio de Janeiro, após período de estudos na Europa.
Com lance de R$ 170 mil, o segundo quadro com valor mais alto é Metachrome: Flowers, After Van Gogh (2016), do paulista Vik Muniz, inspirado no pintor holandês e suas características composições florais.
Além de pinturas, é possível encontrar joias e esculturas. Kalil aponta que alguns dos exemplares vieram do Exterior, caso de um relógio inspirado no aviador Santos Dumont. Doado pela fabricante Cartier, o objeto tem valor de mercado médio de R$ 48 mil, mas no leilão pode ser encontrado por um valor inferior.
Todos os objetos foram divididos para arremates em dois blocos, com início dos lances às 19h de cada dia. Quem já enviou sua proposta, pode enviar novas ofertas, conforme o andamento do evento.
A respeito do futuro da Fundação Iberê Camargo, Kalil informa que a expectativa é reabrir as portas ainda em setembro. O espaço cultural está, desde abril, com duas exposições inéditas prontas para visitação. A ideia é que o público possa retornar aos poucos, com agendamento prévio pela internet e mantendo as regras de distanciamento social:
— Queremos parar de ouvir reclamação de que estamos fechados, mas é necessário abrir com segurança e respeitar as normas sanitárias. Estamos aflitos querendo reabrir também, sem dúvidas. Quem sabe festejamos a primavera com a abertura do Iberê.