Uma grande festa a céu aberto. Assim pode ser definido o clima da Praça da Alfândega, no centro de Porto Alegre, por volta das 23h deste sábado (18), quando o público era animado pela banda Gelpi, uma das atrações da Noite dos Museus. Apesar de longas filas na entrada dos 14 espaços culturais que integravam a programação (15 no total, considerando também a Praça da Alfândega), o clima foi de tranquilidade e de boas vibrações para pessoas "dos oito aos 80 anos".
Segundo a organização, esta foi a edição que registrou o maior público da história, superando o número de 54 mil pessoas em 2017. Os números oficiais devem ser divulgados na tarde deste domingo, quando a Brigada Militar e os museus irão reunir suas estimativas na contagem final.
Em todos os museus, a fila era visível. O campeão de espera, provavelmente, foi o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs), que tinha uma espera média de mais de uma hora por volta das 23h. Mesmo assim, o público se mantinha sorridente e aproveitou as atrações.
A programação ficou marcada pela variedade de opções. Bandas de diferentes estilos — do samba ao jazz —, performances teatrais, slam (campeonato de poesia falada), exibição de filmes e até oficina gastronômica ocuparam corpo e mente de quem fez questão de sair de casa para aproveitar a noite de temperatura agradável e enluarada.
Um dos destaques da noite foi a performance ousada Misstake, na Travessa dos Cataventos, em frente ao Museu de Arte Contemporânea - Casa de Cultura Mario Quintana. Com uma roupa de miss e blocos de gelo no lugar de sapatos, Andressa Cantergiani, sem palavras, acenava como se houvesse ganhado um concurso, mas com semblante sério como se tivesse muitos problemas a resolver.
— É muito importante essa proposta dela, porque nos faz refletir exatamente sobre o contexto atual da nossa política. É para pensar bem sobre símbolos oficiais — acredita a estudante Juliana Proenço, 28, que já conhecia o trabalho da artista.
Mais edições por ano
Mesmo precisando enfrentar multidões para se alimentar e mais de uma hora de fila para visitar o Museu de Arte do Rio Grande do Sul, por exemplo, o público não pareceu ficar decepcionado com a ação. Muito pelo contrário. Muitos pediam que os organizadores tentem realizar mais de uma edição da Noite dos Museus durante o ano.
— Pena que mais museus não aderem, até os privados poderiam integrar a programação. Quando que a gente tem essa oportunidade de andar sábado de noite sem medo no centro da Capital?! É todo um astral, nos sentimos megasseguros e tranquilos — comenta a engenheira civil Renata Liedtke.
A Noite dos Museus, além de ser uma oportunidade de conhecer com calma os espaços culturais, era também uma forma de a estudante Cassiana Milanesi se aprimorar. Na fila do Margs por "apenas" 20 minutos, prestes a entrar no museu, ela estava acompanhada do noivo Felipe.
— Ela estuda Arquitetura, então está sendo muito legal de visitar os locais, mas também ver as estruturas internas. Tem muita coisa bacana e diferente — acredita Felipe.
Para a administradora Andressa Medeiros, o evento se tornou um pretexto para as pessoas saírem de casa:
— Normalmente, as pessoas não prestam atenção nos espaços culturais, não se importam. E o lance de ter food trucks nas ruas é só uma forma de as pessoas saírem, irem para a rua, não tanto com a preocupação de ocupar os museus. Mesmo assim, acho que tudo é muito válido e estou gostando de tudo o que vi — reflete Andressa.
Mesmo com longas filas, difícil encontrar quem não elogiasse.
— A gente precisa que tenha mais vezes por ano. As pessoas precisam explorar mais Porto Alegre, e nós temos vontade, só ficamos receosos com a cidade parada. O bom senso falou mais alto, foi uma chance de circular pela cidade e ser feliz — aponta a representante comercial Tanise Bernardi.