A Noite dos Museus também teve espaço para poesia. E o melhor: no meio do hall principal do Museu de Arte do Rio Grande do Sul. Por volta das 20h deste sábado (18), o coletivo Slam Peleia protagonizou um dos momentos mais incríveis da programação: com batalhas de poesia falada, o grupo de jovens declamou versos sobre questões sociais importantes, como racismo, aborto e o papel da mulher.
A batalha de poesias faladas teve início na década de 1980 em Chicago, nos Estados Unidos, e chegou ao Brasil em 2008, em São Paulo. Em Porto Alegre, este movimento iniciou em 2017, com um campeonato feminino. Nesta edição no Margs, foram poesias autorais de três minutos de três jovens.
Em uma das apresentações, a professora Nathalia Gasparini, 28, falou sobre o aborto, lembrando o quanto a sociedade "condena mulher que aborta mas esquece do homem que abandona uma criança".
— Já nos apresentamos no Iguatemi e vimos nossos versos falando sobre racismo no meio de um ambiente privado. Sempre temos medo de como vai ser a reação das pessoas. Mas aqui no Margs consegui sentir a cara de cada pessoa da plateia, foi uma troca muito emocionante — conta Nathalia (foto abaixo), que iniciou no Slam Peleia no ano passado.
A cada poema com diferentes versos sobre a realidade nacional, a plateia parecia sentir cada palavra na pele. O casal Renate Muller e Joca Medeiros estava com os olhos cheios de lágrimas no final:
— É muito incrível ver jovens com tantas questões deixando se levar pela arte e reivindicando coisas sérias e importantes. Vim pela curiosidade e é tocante mesmo, chega ao fundo da alma — diz Renate.
Para Maura Nunes, mãe de um dos integrantes do Slam Peleia e que estava no local para acompanhar a performance, as poesias são um retrato fiel das vidas dos jovens:
— É muito bacana ver o quanto eles conseguem trazer suas experiências de vida, o que eles passam. Vi a maioria crescer, então sei o quanto é a realidade como ela é.