Não havia como não parar para ver. No meio da Travessa dos Cataventos, entrada da Museu de Arte Contemporânea - Casa de Cultura Mario Quintana, uma mulher magra, com roupa de miss, caminha tentando manter a postura com blocos imensos de gelo nos pés. A faixa em seu peito é clara: com as cores do Brasil, levava a palavra Misstake em amarelo.
Essa foi a primeira intervenção artística da programação da Noite dos Museus na Casa de Cultura, por volta das 19h deste sábado (18). Andressa Cantergiani, sem palavras, acenava como se tivesse ganhado um concurso, mas com semblante sério como se tivesse muitos problemas a resolver.
Entre um passo e outro, pedia ajuda ao público para subir e descer degraus. As pessoas pareciam assustadas, afinal, a mensagem era bem clara:
— É muito importante essa proposta dela, porque nos faz refletir exatamente sobre o contexto atual da nossa política. É para pensar bem sobre símbolos oficiais — acredita a estudante Juliana Proenço, 28, que já conhecia o trabalho de Andressa.
No meio do público, uma estrangeira ficou surpresa com a ousadia da performance. A pintora Ile Wingen, da Alemanha, estava no local e adorou a “profundidade do olhar” da artista.
— Ela demonstrou como lidar com os problemas com muita tensão. É um reflexo mesmo do que ela está vivendo, dá para sentir em seus olhos — acredita a artista, que veio ao Brasil para abrir uma exposição em breve.
No final, após desfilar várias vezes pela Travessa, uma surpresa: indignada e pesada com sua reflexão, Andressa quebra os blocos de gelo com força. A cada batida no chão, o público se assustava ainda mais. Para amenizar o clima pesado, aplausos fortes encerraram o momento cênico.