Antes da sua abertura oficial, a 11ª Bienal do Mercosul já estará na Praça da Alfândega. Entre 10h e 19h desta quinta-feira (5/4), será possível assistir à obra Standard Time, do alemão Mark Formanek. Trata-se de um "relógio humano": a cada minuto, uma equipe de operários troca dígitos de 4 metros de altura, marcando a passagem do tempo com um esforço absurdo. A performance, criada em 2007, será realizada durante toda a Bienal, sempre de quinta a domingo, das 10h às 19h. Especialmente nesta quinta, funcionará como uma contagem regressiva para o espetáculo marcado para as 19h30min: a Celebração de Abertura da 11ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul.
O nome festivo anuncia que a realização do evento é uma conquista para a Fundação Bienal do Mercosul, que precisou adiar essa 11ª edição de 2017 para 2018. Há apenas dois meses, o curador Alfons Hug respirava aliviado:
– A boa notícia é que a Bienal vai acontecer – afirmou Hug, em entrevista de 2 de fevereiro.
A festa desta quinta seguirá o estilo da programação que antecedeu a megaexposição, agregando artes visuais, música, dança, teatro e poesia. A Orquestra de Câmara Fundarte tocará um repertório eclético, acompanhada de um elenco de convidados que vai do músico Vitor Ramil ao ator Zé Adão Barbosa (mais detalhes abaixo). O entusiasmado presidente da Fundação, o médico Gilberto Schwartsmann, promete até um brinde geral, no qual o público poderá se misturar a artistas da exposição, entre outros convidados.
– As pessoas começam a perceber a real dimensão da Bienal na chegada à Porto Alegre de artistas, críticos, curadores, produtores e amantes da arte contemporânea de todo o país e do planeta – comemora o presidente.
Com cerca de 70 artistas, esta bienal traz o tema O Triângulo do Atlântico, que pensa a formação cultural do povo brasileiro a partir das conexões entre as Américas, a África e a Europa. Distingue-se, principalmente, pela ênfase em nomes africanos e brasileiros, deixando para trás o compromisso com o "Mercosul" do nome.
– É a primeira edição com forte elenco de artistas africanos e afrodescendentes – garante o curador.
Para o presidente, essa temática traz consigo um debate sobre a representatividade, liberdade sexual e de expressão em um momento importante:
– É nossa primeira grande exposição após o episódio da Queermuseu. Por isso, é importante que se veja a 11ª Bienal do Mercosul como uma ação coletiva pacificadora dessas questões, no sentido de que teremos a garantia da liberdade de expressão e independência curatorial, ao mesmo tempo em que respeitaremos pessoas que possam se sentir eventualmente ofendidas com certas imagens. Para isto, haverá sinais de alerta, à semelhança dos mais importantes museus do mundo.
Embora a distribuição das obras tenha seguido critérios técnicos (instalações de grande porte no Santander Cultural e no MARGS, por exemplo), a curadora adjunta Paula Borghi aponta que as obras também foram agrupadas de acordo com algumas questões:
– A exposição começa pelo MARGS, onde fazemos uma imersão pelo Oceano Atlântico, depois na diáspora e na escravidão. No Memorial, trazemos questões indígenas, e o Santander tem obras que pensam a cidade e o indivíduo – resume a curadora.
A Bienal abarca ainda o Quilombo do Areal, na Capital, e a Casa 6, em Pelotas. Confira endereços e horários no mapa abaixo.
11ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul
- Visitação às exposições: de 6 de abril a 3 de junho, conforme o horário de visitação de cada local (confira no mapa abaixo).
- Locais: Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS), Memorial do Rio Grande do Sul, Santander Cultural, Praça da Alfândega, Igreja Nossa Senhora das Dores, Comunidade Quilombola do Areal e Casa 6 (Pelotas).
- Curadoria de Alfons Hug e curadoria adjunta de Paula Borghi.
- Entrada franca.
- Mais informações: bienalmercosul.art.br
Programação
Saiba o que a Bienal apresenta nos seus primeiros dias além das exposições:
Celebração de Abertura da 11ª Bienal de Artes Visuais do Mercosul
- Quinta-feira (5/4), a partir das 19h30min.
- Praça da Alfândega, no Centro Histórico de Porto Alegre.
- Orquestra de Câmara Fundarte executa músicas de Edu Lobo, Baden Powell, Villa-Lobos, Chico Buarque, Caetano Veloso, José Miguel Wisnik, Alberto Ginastera, George Bizet, Astor Piazzolla e Vitor Ramil. Participações dos instrumentistas Jorginho do Trompete, Artur Elias (flautista), Thiago Colombo (violonista), Olinda Allessandrini (pianista) e dos cantores do Coral Viva La Vida, Vitor Ramil, Glau Barros, Angela Diehl, Dudu Sperb e Anaadi. Direção musical e regência: maestro Antônio Carlos Borges-Cunha.
- Outras atrações: leitura de textos clássicos por Zé Adão Barbosa, performances teatrais do grupo Máscara EnCena (com direção de Liane Venturella) e da Cia Rústica de Teatro (com direção de Patrícia Fagundes), performance de dança contemporânea TERCEIRO G., com os bailarinos Viviane Lencina, Emily Chagas e Daniel Aires, sob direção de Renata de Lélis.
Performances artísticas
- Quinta-feira (5/4), de 10h às 19h – Standard Time, de Mark Formanek. Praça da Alfândega. Reapresentações de quinta a domingo, de 10h às 19h, até o fim da Bienal do Mercosul.
- Sexta-feira, às 16h – CAPA-CANAL, de Hector Zamora. Memorial RS.
- Sábado, às 20h – Orquestra de Falcões, de Romy Pocztaruk. Praça da Alfândega.
- Sábado, às 17h30min – Impróprio, de Vivian Caccuri. Praça da Alfândega.