Após ter sido cancelada em 10 de setembro, a exposição Queermuseu – Cartografias da Diferença na Arte Brasileira começou a ser desmontada nesta segunda-feira (9). Inaugurada no dia 14 de agosto, a mostra estava prevista para ficar em cartaz até o último domingo (8). O processo de desmonte deve levar quatro dias.
A exposição foi encerrada pela instituição após ser alvo de protestos de entidades e pessoas que avaliaram a mostra como ofensiva – com manifestações nas redes sociais de grupos como o Movimento Brasil Livre (MBL) e constrangimentos presenciais dirigidos aos visitantes –, por razões que vão de "blasfêmia" no uso de símbolos católicos à difusão de "pedofilia" e "zoofilia" em alguns dos trabalhos expostos.
No dia 28 de setembro, o Ministério Público Federal do Rio Grande do Sul (MPF-RS) recomendou ao Santander Cultural a imediata reabertura da Queermuseu. A instituição – que não era obrigada a seguir a sugestão dos procuradores, mas corria o risco de enfrentar uma ação judicial – não acatou a recomendação.
O conselho que define a programação do Museu de Arte do Rio (MAR) deliberou pela vinda da exposição Queermuseu ao Rio. Porém, por decisão do prefeito Marcelo Crivella (PRB), a mostra não será exibida no museu. As discussões sobre a mostra abriram uma crise entre o MAR, que é da prefeitura, e o executivo municipal. Crivella é bispo licenciado da Igreja Universal, que se posicionou contra a exposição.
Por outro lado, a Secretaria de Cultura do Estado do Rio quer levar a Queermuseu para o Parque Lage, equipamento cultural de que dispõe na zona sul da Capital carioca. Em crise, o Estado afirma não dispor dos R$ 400 mil necessários para montá-la, sendo necessária a obtenção de patrocínio para a realização da mostra. Outra saída poderia ser o financiamento coletivo.
No lugar da Queermuseu, estaria prevista para o Santander Cultural abrigar a mostra Saramago – Os pontos e a Vista, em homenagem ao Nobel de Literatura de 1998. A nova exposição ficaria em cartaz do dia 24 de outubro até 28 de janeiro de 2018.