Diante da polêmica sobre a performance de um homem nu no Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo, o Ministério Público (MP) abriu uma investigação para apurar a interação entre o artista e uma menina na encenação. Segundo a Folha de S.Paulo, a Promotoria analisa se ocorreram crimes ou violações ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) por parte da instituição, da mãe da menina ou do artista.
O MP solicitou informações ao MAM e à Secretaria de Cultura de São Paulo e pediu um parecer à seção responsável por classificações indicativas do Ministério da Justiça. A Promotoria também determinou que o Youtube e o Facebook retirem do ar os vídeos da performance — inclusive links de notícias que reproduziram as cenas.
As imagens mostram uma menina, acompanhada da mãe, interagindo com o artista Wagner Schwartz. Ela toca a perna e a mão do homem durante a performance La Bête. Na obra, o coreógrafo movimenta-se como na obra Bicho, de Lygia Clark.
No sábado (30), um protesto com cerca de 20 pessoas em frente ao MAM, localizado no Parque Ibirapuera, terminou em agressão física a funcionários do museu. A assessora de imprensa da instituição foi atingida por um soco e xingada de "pedófila", assim como outros trabalhadores do local.
Em sua defesa, o museu afirma que havia sinalização na sala da apresentação alertando sobre a nudez e garante que "o trabalho não tem conteúdo erótico". O MAM ainda lamentou as recentes "manifestações de ódio e de intimidação". Porém, nas redes sociais, algumas pessoas interpretaram a obra como incitação à pedofilia.
Caso ocorre semanas após polêmica sobre Queermuseum
O episódio ocorre menos de um mês após o fechamento da exposição Queermuseum, exibida no Santander Cultural, em Porto Alegre. Grupos conservadores alegaram que a mostra incentivava a zoofilia e a pedofilia e desrespeitava símbolos religiosos. Na quinta-feira (28), o Ministério Público Federal (MPF) recomendou a "imediata" reabertura da exposição sob pena de "adoção das medidas judiciais cabíveis". O Santander informou que não reabrirá a mostra.
No sábado (30), o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), publicou um vídeo em seu Facebook condenando a performance no MAM e a exposição Queermuseum. Conforme o tucano, as representações "afrontam o direito, a liberdade e, obviamente, a responsabilidade". — Peço que aqueles que promovem a arte no Brasil tenham consciência de que é preciso respeitar a1queles que frequentam os espaços públicos.
Doria recebe apoio do Movimento Brasil Livre (MBL), que capitaneou as manifestações contrárias às expressões artísticas em Porto Alegre e São Paulo.