A 11ª Bienal do Mercosul ainda nem foi aberta, mas já começa a levantar debates em Porto Alegre. O primeiro deles está marcado para esta quarta-feira, às 19h, no Auditório do Memorial do RS (Sete de Setembro, 1.020), com entrada franca. Trata-se do seminário O Triângulo do Atlântico na Contemporaneidade, que reunirá professores de diferentes áreas dedicados a estudar o continente africano.
Marcada para o período de 5 de abril a 4 de junho de 2018, a Bienal terá como tema as influências culturais dos três vértices históricos da América Latina – as matrizes europeia, americana e africana.
– Um ponto de partida importante para pensar as relações desse triângulo é refletir sobre o lugar que a África ocupa nesse momento. Nosso objetivo com o seminário é levantar questões do continente hoje, depois de tanto tempo de colonização, em um mundo que já não é mais polarizado como o da Guerra Fria – explica o coordenador do encontro, professor José Rivair Macedo, do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros, Indígenas e Africanos da UFRGS.
Macedo mediará o debate, que terá como convidados os professores Paulo Visentini (Relações Internacionais/UFRGS), José Carlos dos Anjos (Sociologia/UFRGS) e Marçal Paredes (História/PUCRS). Na abertura, o evento contará com uma performance do rapper angolano Narrador Kanhanga, que está radicado em Porto Alegre há 10 anos.
– Nos próximos eventos, queremos trazer também gente da África para debater, mas é claro que será impossível dar conta de toda a diversidade do continente. No entanto, embora exista uma diversidade linguística, étnica e cultural, a ideia que o mundo tem sobre a África e os africanos não é tão diversa – diz Macedo.
Para o organizador, refletir sobre a África é também um modo de compreender melhor o Brasil.
– Por mais que o Brasil tenha se tornado independente há mais tempo que os Estados africanos, ainda sentimos desdobramentos da herança colonial. A história da inclusão dos afrodescendentes no país é muito lenta, sendo ainda muito difícil. Na Bienal, poderemos ver confluências e divergências por meio da arte – afirma Macedo.