Foi iniciada uma força-tarefa para recuperar o acervo do Museu Padre Luccino Vieiro, de Muçum, no Vale do Taquari. O sobrado ficou submerso durante as enchentes de setembro do ano passado. Na ocasião, o Rio Taquari ocupou áreas urbanas, arrastando prédios e deixando dezenas de mortos na região. O acervo museológico é constituído de fotografias, maquinaria, objetos de uso pessoal, vestuário e instrumentos musicais da colonização italiana, além de material indígena.
Inaugurada em 1939, a construção abrigou, inicialmente, a subprefeitura e a subdelegacia de Muçum, além de servir de residência à família do subprefeito. Nos tempos atuais, além do museu, acolhe também a Casa de Cultura, a biblioteca e o telecentro comunitário do município. A reconstituição do acervo conta com apoio técnico do Museu Julio de Castilhos, órgão ligado à Secretaria de Cultura do Estado (Sedac), e da Fundação Scheffel, com sede em Novo Hamburgo.
Na próxima sexta-feira, dia 19 de janeiro, será iniciado o deslocamento do acervo para o MJC e a Fundação Scheffel. Em ambos os locais, serão realizados procedimentos de higienização, conservação e, quando possível, restauro de peças em madeira, metal, papel e couro. No prédio do Museu Padre Luccino Vieiro, já foi feita uma primeira limpeza, com a remoção da lama acumulada durante as cheias. Além disso, o casarão teve seu telhado substituído pela prefeitura. O museu de Muçum deverá ainda receber um novo projeto expográfico, que está sendo elaborado por técnicos da Sedac, contando com painéis doados pelo Palácio Piratini. A documentação das peças também será refeita, incluindo o livro de tombo. Contudo, muitas informações foram perdidas, como dados de doadores, datas de doação e usuários dos objetos.
– Essas perdas são significativas para a história da cidade, pois o uso dos objetos é tão importante quanto a sua fabricação, e é justamente o uso que confere valor testemunhal a um objeto de museu – afirma Doris Couto, diretora do MJC.
Para viabilizar o trabalho de recuperação, será constituído um banco de voluntários, com o credenciamento de estudantes e profissionais das áreas de museologia, conservação e restauro, que deverão atuar em situações pontuais. Conforme a diretora do MJC, a previsão é de que o regulamento para o cadastro de voluntários seja liberado ainda nesta semana. Os interessados poderão se inscrever através do e-mail museujuliodecastilhos@gmail.com, indicando sua área de formação e enviando um minicurrículo. Para o diretor de Memória e Patrimônio do Estado, Eduardo Hahn, a ação de recuperação do acervo deixará um legado de renovação para o museu de Muçum:
– Será possível não só devolver o museu aos habitantes e turistas, mas também renovar a forma de expor e tratar peças, que já demandavam conservação antes da enchente.