Em 1965, em Porto Alegre, a onda entre os jovens das classes mais abastadas era o jogo de boliche. Pode ser apenas uma coincidência, mas, no início dos anos 1960, um dos grandes sucessos da televisão era a série de desenhos animados Os Flintstones, que retratava uma família americana de classe média, da idade da pedra, mas com costumes contemporâneos. O personagem principal, Fred Flintstone, casado com Vilma e pai de Pedrita, era um exímio jogador de boliche. Ele vivia às voltas com seu trabalho, um casal de amigos, Beth e Barney, e seu passatempo predileto.
Coincidência ou não, nessa época, surgiram na Capital e nos balneários do Litoral diversas pistas desse esporte de salão. Lembro de um que eu frequentava que ficava, se não me engano, na Rua Giordano Bruno. Havia na praia, no pavilhão de madeira do Hotel Rio-Grandense, um dos mais famosos.
A reportagem da Revista do Globo nº 910, de novembro de 1965, com texto de Norma Lopes e fotos de Octacílio Dias, tem como modelo a mais famosa garota propaganda e apresentadora de TV, Margarida Spessato. O trabalho teve como objetivo divulgar a prática e apresentar uma nova casa: “Numa tarde de folga, Margarida foi conhecer o Bowling Center, a nova sensação de Porto Alegre. Aprendeu o jogo, as contagens, jogou e gostou. E no Bowling Center, a beleza de Margarida anunciava e promovia sua dona”.
Margarida Spessato nasceu em Carlos Barbosa, em 1937. Perdeu os pais ainda menina e veio para a Capital, onde, em 1956, começou a trabalhar como manequim do costureiro Rui, desfilando nas passarelas da cidade.
Foi comerciária e bancária, mas em 1959, quando a TV chegava ao sul do Brasil, começou a fazer os primeiros testes para ser anunciadora. Ficou exclusiva do Canal 5, TV Piratini, até 1963, quando passou a dividir as habilidades profissionais com a TV Gaúcha. Em 1962, foi consagrada como a “Melhor Garota Propaganda” e, em 1965, conquistou o título de “Melhor Apresentadora”. Com elegância, beleza e simpatia, além de classe e uma dicção perfeita, ela casou com o produtor de TV e publicitário Fernando Miranda, em 1963. No auge da vida e do sucesso profissional, com apenas 29 anos, uma enfermidade, da qual padeceu por três meses, foi fatal. Uma ausência que foi um grande trauma para todos os gaúchos.