Os primeiros imigrantes alemães chegaram à recém-fundada Colônia de Ijuhy (hoje município de Ijuí) em 1890. Quase cem anos depois, os costumes trazidos por eles continuavam vivos e presentes na vida de dezenas de famílias.
O desejo de que suas raízes seguissem preservadas fez um grupo de descendentes de alemães aceitar um grande desafio. Motivados pelo começo do movimento étnico em Ijuí, eles fundaram, em maio de 1987, o Centro Cultural 25 de Julho Ijuí – a data é uma alusão ao dia da chegada dos imigrantes alemães ao RS, em 1824. Hoje, quase 34 anos depois, a entidade é uma das mais conhecidas da cidade, está consolidada na comunidade ijuiense e presente nas memórias de milhares de pessoas.
Essa história de sonho, desafio, luta e sucesso é contada no documentário Mein zweites Zuhause: a trajetória e o legado do Centro Cultural 25 de Julho Ijuí, que será lançado nesta sexta-feira (17), às 19h, em um evento virtual. Depois, o vídeo ficará disponível gratuitamente no YouTube. A tradução de “Mein zweites Zhause” é “Meu segundo Lar” – uma dupla referência, à sede e ao Brasil.
O documentário, de 25 minutos, conta com depoimentos de alguns dos primeiros integrantes do Centro Cultural, de famílias que têm suas histórias ligadas à entidade e de jovens que se comprometem a levar adiante as tradições dos antepassados.
O fio condutor da história é como a Casa Alemã, desde a sua fundação, em 1987, se tornou o segundo lar de muitas famílias de Ijuí e região, sendo parte fundamental da história de várias delas. É o caso da família Endruweit, cuja participação já está na quarta geração – inicialmente com a matriarca Hilda Endruweit, uma das primeiras a fazer as famosas cucas da casa alemã e, agora, com os filhos, netos e bisnetos. Os depoimentos emocionam e revelam detalhes de uma mobilização sem precedentes na história de Ijuí para erguer do zero, em menos de cinco meses, uma construção em estilo enxaimel de 1.500 m², concluída a tempo de sediar as atividades da Primeira Festa Nacional das Culturas Diversificadas (Fenadi), em 1987. Doações de madeiras, tijolos, material de construção e dos mais variados objetos vieram da cidade toda.
— Os idosos, que estavam só em casa, foram tomados de uma euforia e se motivaram a participar, ensinando danças, músicas e receitas, que haviam aprendido com os antepassados — lembra Gerta Reimann de Moraes, de 97 anos, colaboradora da entidade desde a fundação.
A relação do Centro Cultural 25 de Julho Ijuí com a comunidade vai além da área cultural, também se destaca pelas parcerias com a Deula-Brasil e Deula-Alemanha (entidades filantrópicas filiadas a Câmara Brasil-Alemanha), que possibilitaram, por exemplo, a entrega de 19 caminhões de bombeiros, vindos da Alemanha, ao Estado, e a formação de mais de 600 jovens que fizeram intercâmbio agrícola no país europeu, aperfeiçoando seus conhecimentos e contribuindo para o desenvolvimento regional.
No evento de lançamento, haverá a participação do presidente do Centro Cultural, Valmir Stolz, além de ex-presidentes da entidade, vários sócios-fundadores, membros da diretoria, integrantes dos grupos de dança e também representantes da Deula-Brasil e de outras entidades de Ijuí.
O projeto foi desenvolvido pelas irmãs Leila Martina Baratieri Endruweit e Iara Denise Endruweit Battisti, que fizeram, também, o roteiro e a produção. O documentário é financiado com recursos da Lei Federal nº14.017/2020, por meio de edital da Fundação Marcopolo, de Caxias do Sul. As gravações, edição e pós-produção ficaram a cargo da empresa Brun Filmes, de Santa Rosa. O link para o evento de lançamento é: bit.ly/alemaesijui.