No último domingo (15), a Biblioteca Rio-Grandense, situada na cidade de Rio Grande, completou 175 anos. Manter suas portas abertas, com a meta primordial de promover a leitura e a cultura, tem sido uma luta incansável da instituição desde suas origens. Quando fundada, a biblioteca era um Gabinete de Leitura. Ele foi idealizado por João Barbosa Coelho e assessorado por mais de duas dezenas de cidadãos.
Assim, esta casa de leitura iniciou sua caminhada, orientada pelo espírito comunitário e do associativismo na difusão da cultura. Foram muitas dificuldades, mas o caráter empreendedor da diretoria original parece ter impregnado as estruturas do Gabinete de Leitura, que sobreviveu às mais variadas intempéries. Em 1878, sob a orientação do Barão de Vila Isabel, foi realizado um verdadeiro saneamento e aprimoramento da instituição, passando a denominar-se Biblioteca Rio-Grandense.
Ao colocar seu acervo à disposição da comunidade em geral, a Biblioteca passou a ser denominada como “pública”, embora, desde a sua criação, constitua uma instituição de caráter privado, sustentada a partir da contribuição de seus sócios. Tornou-se conhecida como pública, tendo em vista o amplo serviço que presta à população.
Hoje, a Biblioteca Rio-Grandense conta com aproximadamente 450 mil livros e um acervo formidável de documentos. Um de seus destaques, é a coleção de jornais – uma das mais completas, especialmente aos periódicos gaúchos e rio-grandinos que circularam desde o século 19.
Além de ser a mais antiga do RS, a Biblioteca ainda permanece como a de maior acervo (no contexto estadual) e é uma das maiores na conjuntura nacional.
Dentre os vários arquivos, fundos e coleções específicas que compõem a instituição, pode-se destacar: Sala Silva Paes – coleção sobre a formação do Estado do Rio Grande do Sul; Sala Abeillard Barreto – reúne títulos herdados do historiador que dá nome à Sala, contendo, principalmente, obras sobre história do Estado e do Brasil; Sala de Obras Raras – coleção de obras editadas desde o século 14; Sala Almirante Tamandaré – especializada em obras ligadas à história da Marinha e Artes Náuticas; Arquivo Montenegro – uma das mais completas sobre a Guerra do Paraguai; Coleção Agostinho José Lourenço – um dos mais ricos acervos de jornais sul-rio-grandenses, com coleções de periódicos dos séculos 19 e 20 do RS.
A manutenção e conservação do prédio e do acervo sempre foram tarefas árduas, desempenhadas pelas diretorias ao longo da existência da Biblioteca. Como obstáculos, pode-se citar a diminuição do número de sócios e as pesadas tributações que recaem sobre uma instituição sem fins lucrativos.
Trazer um público crescente de volta à leitura constitui intento primordial da Biblioteca que, através de suas diretorias e buscando o apoio da comunidade, pretende garantir que suas portas continuarão abertas para todos.
Para homenagear a instituição, o Teatro Municipal do Rio Grande, com o projeto Teatro Municipal Agora, organizou o documentário BRG 175 anos de história, que será exibido no canal do YouTube do Teatro Municipal, no dia 19 de agosto, às 20h30.