Desde a chegada do veloz Avon — primeiro cavalo da raça puro-sangue inglês a desembarcar na Província de São Pedro, em 1856 —, o turfe ganhou a adesão de boa parte da população de Porto Alegre.
No começo, as corridas eram realizadas em áreas abertas, nas cercanias da cidade, ou nos campos da Várzea (atual Parque Farroupilha). O primeiro hipódromo de verdade — o Porto-Alegrense, depois rebatizado de Prado da Boa Vista — surgiu em 1877. Ficava no arraial de São Miguel (como era chamada a região onde está hoje o bairro Santana), próximo às antigas Estrada do Mato Grosso (agora Avenida Bento Gonçalves) e Rua Boa Vista (hoje Vicente da Fontoura). É considerado pioneiro por ser o primeiro a promover provas com regularidade e em linha fechada.
Depois, veio o Prado Rio-Grandense, no arraial do Menino Deus, em 1881. Ali se realizou a primeira edição do Grande Prêmio Bento Gonçalves (até hoje, a maior competição do turfe gaúcho). Atualmente, essa área localizada na Avenida Getúlio Vargas, entre Botafogo e Saldanha Marinho, pertence à Secretaria de Agricultura do Estado. Em 1891, apareceu o Prado Navegantes, na Zona Norte, ocupando trechos das ruas Simão Kappel e Beirute. Tinha um sério transtorno: quando chovia muito, as águas do Guaíba invadiam a pista. Com isso, as provas frequentemente precisavam ser canceladas.
Aberto em 25 de março de 1894, o Prado Independência, no Moinhos de Vento, em pouco tempo, se transformou no principal hipódromo da Capital. Não era para menos. Desde a inauguração, no ano anterior, da linha de bondes da Carris até a região, a paisagem campestre marcada por chácaras dava lugar às mansões construídas por moradores abastados. Além do fácil acesso, o novo hipódromo — mais tarde, batizado Moinhos de Vento — tinha instalações espaçosas e confortáveis, contando com uma pista circular de 1.010 metros, a maior da cidade. Fora isso, largos escoadouros evitavam inundações. Não espanta que, rapidamente, tenha eliminado a concorrência.
O projeto de construção do Hipódromo do Cristal data de 1922, mas a pedra fundamental só foi lançada em 1945, quando o Moinhos de Vento já se achava cercado de construções de alto padrão, o que fez com que a prefeitura pedisse a transferência das corridas para a Zona Sul, como “medida de higiene e urbanismo”. Em 21 de novembro de 1959, foi inaugurado o novo hipódromo na Várzea do Cristal, às margens do Guaíba. No dia da inauguração, ocorreu um pequeno incidente — o pavilhão social precisou ser interditado devido a um incêndio em uma das modernas escadas rolantes. Nada que atrapalhasse a festa, mas os associados tiveram que assistir às corridas no andar superior do pavilhão popular.
Projetado pelo arquiteto uruguaio Román Andrés Fresnedo Siri, o Jockey Club do Cristal é a mais importante obra de arquitetura moderna de Porto Alegre, tendo sido tombado pelo Patrimônio Histórico e Arquitetônico da Capital em 2005.