A retrospectiva a seguir, com algumas das principais cheias do Rio Taquari, foi enviada pelo leitor João Manoel Moraes da Silva, 66 anos, morador de Roca Sales, no Vale do Taquari, e pesquisador da história desse município gaúcho.
“O trecho mais impiedosamente flagelado pelas enchentes, localiza-se entre os municípios de Encantado e Cruzeiro do Sul, na margem direita, e entre Roca Sales e Bom Retiro do Sul, à margem esquerda. No auge das enchentes do Rio Taquari, o panorama da região apresentava-se grandioso e desolador, ao mesmo tempo. Enormes massas líquidas, barrentas, rolando com impetuosidade destroem incontável riqueza agrícola, bem como urbana, além do rastro de doenças que provoca.” Padre Balduíno Rambo (1905-1961), no livro A Fisionomia do Rio Grande do Sul (1954).
A primeira grande enchente de que se tem notícia do Rio Taquari é datada dos fins de setembro de 1873. A referida cheia teve citação nos anais da Câmara Municipal de Triunfo, onde se falava do dinheiro que fora distribuído às pessoas prejudicadas pelo nefasto fenômeno da natureza.
Falando de tempos antigos que envolveram a vida das pessoas que, de forma pioneira, criaram o núcleo urbano de Roca Sales, Emílio Rotta (um dos primeiros habitantes de Roca Sales) escreve, em seu diário pessoal, no dia 11 de agosto de 1912: “Veio uma grande enchente que entrou na porta da minha casa”.
Essa enchente é conhecida como uma das maiores já ocorridas. Depois, vieram as enchentes de 1928, a de 1941, a de 1956 e, bem mais tarde, a de 1990, ficando todas elas devidamente marcadas na memória da população que assistiu à devastação dos grandes volumes de água causadores de tristeza, danos e destruição. As pessoas temem essas catástrofes, mas, ao mesmo tempo, ficam admiradas e resignadas com os fenômenos que a natureza ciclicamente nos impõe.
Nos dias de hoje, especialmente nos últimos 8 e 9 de julho, citar as enchentes anteriores não traz surpresa. Tampouco poesia, mas sim destruição e prejuízo. É, de novo, a natureza vingando-se do homem que a maltrata. Que o digam as últimas enchentes, como a de 2001 e essa que agora presenciamos. É, mais uma vez, o Rio Taquari enfurecido com o seu meio circundante.