
Do nosso leitor Julio Surreaux Chagas, descendente de Francisco das Chagas, recebemos o texto a seguir.
Francisco nasceu órfão, na cidade do Rio de Janeiro, e foi o primeiro membro da família Chagas no Rio Grande do Sul, que hoje está na sua 10ª geração. Foi soldado e lutou contra os espanhóis que tomaram a cidade de Rio Grande, em 1763. Faleceu em 1834, em Povo Novo, distrito daquela cidade do sul do RS.
Recém-nascido, foi exposto no vestíbulo da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro para acolhimento, o que era comum na época. Foi batizado com o nome de Francisco das Chagas (em honra a São Francisco de Assis, conhecido também como São Francisco das Chagas), na Freguesia de Sam José, hoje Igreja de São José, na Rua 1º de Março, no Rio de Janeiro. Estas informações constam na certidão de casamento de Francisco das Chagas com Perpétua de Jesus.
A cerimônia de casamento aconteceu no dia 27 de maio de 1796, na casa do coronel comandante da Fronteira em Bagé, Manuel Marques de Souza (1743-1820), que participou na defesa da província quando da invasão das tropas espanholas. Ele é citado como herói da expulsão dos espanhóis da vila de Rio Grande, ocorrida em 1º de abril de 1776. Dados históricos citam Francisco das Chagas como povoador e dono de terras no Rio Grande do Sul, conforme inventário de sua esposa Perpétua.
O mais provável é que tenha sido atraído muito jovem para a região pela mobilização militar para expulsar os espanhóis do Continente de São Pedro. Estava em voga na região a prática de doar terras aos homens que haviam se destacado nos combates e estivessem dispostos a correr os riscos da criação de gado nas novas terras da Fronteira. Francisco das Chagas era conhecido como proprietário de uma sesmaria localizada entre os arroios Candiota e Tigre, nas proximidades da atual cidade de Bagé.
Sua mulher era filha do açoriano Antônio Silveira Goulart, ex-soldado que também foi um dos primeiros povoadores nas novas terras da Fronteira. Uma das filhas do casal, com nome de Perpétua Francisca das Chagas, nascida em 25 de junho de 1801, em Rio Grande, casou-se com Luiz Gonçalves Ávila em 15 de junho de 1814, em Piratini, na região sul do Estado. Em 1815, nasceu o filho do casal, Luiz Gonçalves das Chagas, que em 8 de maio de 1875 foi condecorado por Dom Pedro II com o título de Barão de Candiota. A história do Barão de Candiota foi publicada no Almanaque Gaúcho em 20 de fevereiro de 2017.
Fonte: livro Um Nome de Devoção, de Maria Tereza Chagas Braga, Editora CRV (2014)