Se você consultar, no Google o que significa a expressão “politicamente correto”, vai encontrar na Wikipédia a seguinte explicação: “O termo politicamente correto é usado para descrever a evitação de linguagem ou ações que são vistas como excludentes, que marginalizam ou insultam grupos de pessoas que são vistos como desfavorecidos ou discriminados, especialmente grupos definidos por sexo ou raça”.
Hoje, esse conceito é visto como excessivo e com desconfiança por alguns, muitas vezes acusado de suprimir a espontaneidade, forçando, para evitar a patrulha, condicionamentos de comportamento que seriam “naturais” e tornando “careta” qualquer relação. Em contraposição, os indivíduos contrários ao politicamente correto são, obviamente, encarados como quem procura banalizar os preconceitos sociais sem nenhum pudor e sem levar em conta a violência dos resultados nefastos de certas ações, perpetuando injustiças.
A discussão é boa. Na verdade, com a constante evolução dos costumes e o desenvolvimento do processo civilizatório, coisas que antes eram aceitas são, agora, insuportáveis. Por outro lado, com a passagem do tempo, ganhamos em liberdade, praticando o que, anteriormente, poderia ser malvisto. A propaganda e a publicidade veiculadas em determinadas épocas são sempre um bom termômetro para aferir as transformações operadas ao longo das nossas vidas.
Vejam, por exemplo, esses dois anúncios: um publicado na Revista do Globo, em 1945, logo no pós-guerra, e outro estampado em Zero Hora, no início da década de 1970. O do creme dental Gessy fala em “novo mundo”, mas usa, na linha de apoio, o termo eugenia. Está escrito: “50 anos a serviço da eugenia e da beleza”. Ora, embora essa teoria (da eugenia) tenha sido criada em 1883, significando bem-nascido, ela foi adotada pelos nazistas em defesa da “pureza racial” que culminou no Holocausto. É surpreendente que, mesmo depois do final da trágica Segunda Guerra, o conceito ainda pudesse ser usado, embora, certamente, por pouco tempo.
Já a propaganda das Lojas Alfred faz alusão à “moda mais homem”. Na foto, os cavalheiros bem trajados e fotografados de baixo para cima, enfatizando sua superioridade, ignoram os olhares de admiração (e de quase súplica) das mulheres, sendo que uma delas está no chão entre as pernas de um dos machos. Não acredito que algum desses anúncios pudesse ser publicado, dessa forma, atualmente.
A educação, dizem, pode ser, de certo modo, castradora, mas, sem ela, o que nos resta é a selvageria, que, infelizmente, resiste em sair de moda.