“Welcome to Arroio do Sal beach”, dizia na placa que, plantada na areia, na beira do mar, recepcionava os veranistas que chegavam àquele balneário no verão de 1954. Na falta de estradas, naquela época, o acesso a Arroio do Sal, praia do litoral norte gaúcho, era feito exclusivamente por meio de viagens pela areia da orla do Atlântico.
Isso, naturalmente, quando eventuais ressacas, que faziam o mar subir até os cômoros, não impediam o trânsito, inviabilizando qualquer tentativa de deslocamento. Rodovia, ainda que com um trecho sem pavimentação, só havia até Capão da Canoa. A partir daí, os veículos se movimentavam pela areia molhada, e mais firme, acompanhando, na maioria das vezes, o vaivém das ondas e desviando, bem pela beira, dos degraus, formados por córregos de águas da serra indo em direção ao oceano.
Agora, retornando das férias no Litoral, lembrei-me dessas fotos de um dos primeiros veraneios que nossos pais, Hamilton e Nilce, nos proporcionaram. Eu, com dois anos e meio, e minha irmã Maria Teresa, com quatro, fomos levados, a bordo de uma valente caminhonetinha Renault Juva 4, até Arroio do Sal. Em outro veículo da mesma marca, quase igual, mas carrinho, foi, em comboio, uma família amiga: meus “tios” Pedro Flores e Gleci e “primos” Pedrinho e Cristina. Todos ficaram hospedados em um hotel que oferecia quartos em pequenos chalés de madeira.
Os banhos de mar e as brincadeiras na areia eram o único lazer, e acho que bastava. Já os adultos, provavelmente por falta do que fazer, decidiram, em determinado momento, aproveitar o tempo de sobra para produzir uma inusitada placa. A tampa de um tonel serviu de base e, naquela tarde, todos acompanhamos os trabalhos de confecção do “totem”.
A iniciativa deve ter causado algum espanto e, suponho, despertado o bom humor dos viajantes que chegavam ou que apenas por ali transitavam em direção a Torres ou outras praias. Arroio do Sal, desde 25 de abril de 1988, é município emancipado de Torres. Segundo dizem, em 1939, um tropeiro vindo de Santa Catarina construiu uma moradia bem próxima aos cômoros, tornando-se, assim, o morador pioneiro daquele ponto do Litoral.