Mais uma obra do jornalista e historiador Nelson Adams Filho está sendo lançada nesta Feira do Livro. Trata-se do terceiro volume da coleção História Torres (216 páginas, Edigal Editora) e que, além de abordagens sobre a história de Torres, traz três temas de relevância nacional:
1) as pesquisas sobre a fantasiosa viagem do pintor francês Jean-Baptiste Debret ao sul do Brasil;
2) as ações bélicas da II Guerra Mundial ocorridas no Sul, entre Araranguá e Tramandaí, que envolvem o afundamento de um submarino alemão;
3) a prisão de padres alemães em Santo Antônio da Patrulha e Canoas por prática de atividade criminosa de guerra pró-nazismo e de um pastor luterano em Três Forquilhas, caso que envolve as arbitrariedades cometidas por delegados de polícia contra os colonos alemães na região do Litoral Norte durante a II Guerra Mundial.
Sobre Debret, trabalho que Adams Filho realiza em parceria com outros cinco pesquisadores de Santa Catarina e do Paraná, avaliou-se que, das 105 aquarelas atribuídas a ele, relativas à suposta viagem ao Sul, entre 1824 e 1826, 65 são falsificações. Numa delas, por exemplo, a cena é identificada como sendo uma imagem referente a Paranaguá.
Na realidade, ela retrata Porto Alegre em 1826. A Igreja Matriz, o Palácio de Barro, a Igreja das Dores e as árvores do Caminho Novo, entre outros detalhes, comprovam que é a capital gaúcha, pois Paranaguá não possuía essas edificações àquela época.
A aquarela pertence à Coleção Debret, não traz assinatura nem data. A procedência seria de uma tal Madame Morize (tida como sobrinha-neta de Debret), um duvidoso marchand brasileiro em Paris, em 1940, chamado Roberto Heymann, e o industrial carioca Castro Maya, possuidor da maior coleção do artista, com mais de 550 obras (de um total comprovado de mais de mil peças).
A obra compõe o acervo da Fundação Castro Maya, no Rio de Janeiro. Esse tema abrange mais da metade do livro e apresenta inúmeras aquarelas comprovadamente falsas, como essa que seria “de Paranaguá no início do século 19”.Outro assunto abordado é o terceiro ataque da FAB a um submarino U-Boot alemão, quatro dias após o Brasil declarar guerra ao Eixo (26 de agosto de 1942), não registrado na historiografia da guerra na Região Sul, a não ser em documentos oficiais da Marinha e da FAB.
Ainda nessa linha, o autor, que já está em seu nono livro desde o início da atividade de historiador (um dos livros, A Maluca Viagem de Dom Pedro I ao Sul do Brasil na Guerra Cisplatina, está com a segunda edição esgotada), aborda a perseguição a sacerdotes católicos e a um pastor luterano como resultado da animosidade contra estrangeiros no turbulento período da II Guerra Mundial.
O autor ainda brinda os leitores com outras curiosidades, como a produção de “bacalhau” elaborado em Torres e exportado para a Alemanha durante a guerra, numa “salga” que pertencia ao empresário Plinio Kroeff; as ruínas históricas da guarda e o registro na Itapeva, em Torres; a iconografia do alferes Manoel Ferreira Porto Filho, pioneiro das Torres; e os tesouros dos padres jesuítas junto às torres.
Nelson Adams Filhos estará durante toda a quinta-feira, dia 8, junto às bancas da Martins Livreiro e da Livraria Erico Verissimo, na Feira do Livro, recebendo leitores e amigos.