Na próxima quarta-feira, dia 31, às 18h30min, no Chalé da Praça XV, Largo Glênio Peres, no Centro Histórico, com a presença do personagem e dos autores, será lançado o livro biográfico Ayrton Patineti dos Anjos – Lembranças, sons e delírios de um produtor musical, de autoria dos jornalistas Márcio Pinheiro e Roger Lerina.
Segundo Márcio, “são as memórias de um homem sem memória. Tudo é difuso (às vezes confuso), pouco exato, sem minúcias e com detalhes pouco esclarecidos – embora tudo seja verdade”. É o resultado da cabeça de Ayrton dos Anjos, figura múltipla que ataca em várias frentes. Com uma carreira de quase seis décadas, Patineti (assim mesmo, com a grafia errada, como foi batizado pela amiga Elis Regina e o que é explicado no livro) passou por um pouco de tudo. Teve amores, alegrias, sucessos, viagens, porres, delírios em escalas inimagináveis para aquele menino nascido em Porto Alegre nos anos 1940. Aventuras tantas que suplantaram um leque semelhante de decepções, tristezas, lutos, perdas e prejuízos. No balanço final, Patineti tem a comemorar – quanto mais pelo fato de estar perto de completar 77 anos e continuar a fazer planos.
Patineti é também difícil de decifrar. Faz parte da geração de gente como Osmar Meletti, Paulo Diniz e Glênio Reis, papas do rádio e da música, aqui no sul do país. Caso raro de alguém falho não apenas na memória pessoal – o que pode ocorrer a qualquer um, principalmente com o passar dos anos –, mas também na memória coletiva, aquela marcada por fatos históricos – suicídio de Getúlio, legalidade, assassinato de Kennedy, morte de Elis – que aproximam as pessoas que viveram numa mesma época.
“Como dois arqueólogos, eu e o Lerina, meu colega de empreitada nessa reconstrução do mito Patineti, partimos do mínimo para buscar o máximo do pequeno osso isolado que iria nos permitir montar o imenso dinossauro”, explica o jornalista.
Dos relatos fornecidos por Patineti, os autores tentaram completar o quebra-cabeça que mistura pessoas, fatos, lugares e momentos. “Foi um trabalho exaustivo, porém, gratificante”, afirma Lerina. Para uma pessoa múltipla, foi dado um tratamento múltiplo. Os textos vão nessa linha errante, tentando passar ao leitor a narrativa caótica tão típica do personagem.
Na primeira parte, são lembrados a família, a infância, os primeiros passos, os auditórios, os estúdios e por aí afora, com especial destaque para o surgimento e a proximidade com Elis Regina, tão importante na vida de Patineti. Depois, são narrados os indizíveis anos 1970, Califórnias da Canção, festivais, festas, Renato Borghetti, gravadoras e muito mais.