Há pouco mais de um mês, quando o prefeito Marchezan suspendeu o plano de criar uma nova zona boêmia no Largo Glênio Peres, ele pediu à sua equipe um levantamento quase impossível. Queria que lhe apresentassem 10 outras áreas da cidade com perfil para receber entretenimento noturno ao ar livre.
Na prática, foi como soterrar o projeto. Ninguém tocou levantamento algum. Até porque fica difícil imaginar uma região tão apropriada para acolher multidões à noite como o entorno do Largo Glênio Peres.
Primeiro, porque ali não há residências; segundo, porque há uma abundante oferta de ônibus; terceiro, porque o Plano Diretor prevê apenas quatro "áreas de animação" em Porto Alegre – que são as regiões onde a atividade comercial pode funcionar com mais força durante a noite. São elas: Ipanema, Cidade Baixa, Moinhos de Vento e Centro Histórico.
Como tirar daí 10 locais em que as pessoas possam se divertir na rua?
A ideia da zona boêmia no Largo Glênio Peres era justamente aliviar a situação da Cidade Baixa, especialmente na Rua João Alfredo, onde os moradores sofrem com a barulheira das multidões todo fim de semana. Já haviam se iniciado as conversas com comerciantes do Centro, já estava pronta até uma campanha de divulgação – funcionários da prefeitura iriam à João Alfredo distribuir panfletos aos frequentadores, sugerindo que conhecessem a novidade a dois quilômetros dali.
Mas Marchezan exigiu esse levantamento das 10 regiões. Que não avançou sequer um centímetro.
Tentei falar com ele ontem sobre isso, mas, como não consegui, deixo aqui uma pergunta de quem, sinceramente, valoriza as boas ideias dessa gestão: não dá para voltar atrás, prefeito?