Ao aportarem às margens do Guaíba, açorianos festejaram e plantaram o entrudo, semente do Carnaval. Em 1874, galhos de sociedades carnavalescas (Venezianos e Esmeraldas) ramificaram e embelezaram com seus préstitos uma cidade mais alegre. Ruas enfeitadas, janelas floridas, lamparinas, enfim, um jardim de felicidade.
A partir de 1900, advindos das camadas populares, floresceram da colônia africana, território histórico e cultural do samba, blocos humorísticos, cordões, grupos e tribos. Era um Carnaval lúdico, descompromissado, cheio de ilusões, embrião das escolas de samba. Nos bairros, as ruas e os coretos ornamentados por comissões organizadoras proporcionavam desfiles e concursos.
O poder público nos anos 1960 gerenciava a centralização do Carnaval, alterando locais da passarela: Borges, João Alfredo, João Pessoa, Perimetral, Augusto de Carvalho e Porto Seco em 2004, transferência que entristeceu a comunidade carnavalesca. Existiriam forças ocultas contra essa manifestação popular? Mas houve uma reação: fazer do limão a limonada. O empreendedorismo torna-se uma prática dentro do contexto do Carnaval, trazendo um novo enfoque cultural, econômico, turístico e social, efeito de uma cadeia produtiva incomensurável que muitos gestores públicos desconhecem, como um grande patrimônio intangível do viver Brasil.
Oh, Deus Momo do Universo. Não deixais tirar o alegre do nosso porto, fazei chover purpurinas para regar o desabrochar de uma flor tão esperada chamada Carnaval.
Colaboração de Joaquim Pereira de Lucena Neto, comentarista de Carnaval da equipe da Rádio Gaúcha, advogado, compositor, 12 anos como coordenador das Manifestações Populares de Porto Alegre PMPA.