No próximo domingo, dia 11, completam-se 25 anos da morte do compositor Túlio Piva. Ele nasceu no dia 4 de dezembro de 1915, em Santiago do Boqueirão. Embora o farmacêutico prático já tivesse andado pela Capital e até se apresentado em bares boêmios anos antes, foi só em 1955 que se transferiu definitivamente com a família para Porto Alegre.
Logo estava instalada, na Rua dos Andradas, quase esquina com a Dr. Flores, a Drogaria Piva. Em pouco tempo, ali seria um ponto de encontro vespertino da boemia da terra. Túlio tinha uma batida muito particular na forma de tocar seu violão, instrumento de cordas transformado por ele quase num de percussão.
Junto com Lupicínio Rodrigues, foi o sambista gaúcho de maior sucesso nacional. Teve músicas gravadas por gente como Elis Regina e Elza Soares e conjuntos como o Farroupilha e Demônios da Garoa. Um de seus maiores sucessos foi a música Tem que Ter..., composta em 1940 (depois conhecida como Tem que ter Mulata), mas só gravada em 1955 pelo conjunto Norberto Baldaulf. Um dos netos do compositor, o músico Rodrigo Piva, que vive em Florianópolis, enviou, a pedido do Almanaque Gaúcho, duas fotos (uma delas especialmente surpreendente) e o texto abaixo.
"Essa é apenas uma das pérolas que volta e meia encontro no 'baú do Túlio', como chamamos carinhosamente a coleção de documentos, fotografias, vídeos, discos, escritos, letras de música, poemas e fitas cassete com mais de 50 horas de gravação contendo pelo menos uma centena de músicas inéditas. Pois bem: o que é que o meu avô estava fazendo ali no meio daquela xiruzada com cara de poucos amigos? Foi o que eu pensei ao deparar com essa cena quase surreal e identificar aquele menino, posicionado exatamente ao centro da foto, como sendo o pequeno Túlio Piva, com apenas oito anos de idade, no meio de um acampamento de combatentes armados até os dentes. Desvendando o mistério com a ajuda da minha mãe, Vera Piva, filha única de Túlio, e de uma rápida pesquisa na internet, vim a saber que foi lá pelas bandas de São Francisco de Assis (município vizinho à terra natal de Túlio, Santiago do Boqueirão) que se deu uma batalha da Revolução de 1923, entre os partidários do presidente do Estado, Borges de Medeiros, mais conhecidos como ximangos, e, do outro lado, os revolucionários partidários de Assis Brasil, os assisistas ou maragatos. Descobri também que o comandante da tropa se chamava Hortêncio Rodrigues (na foto, sentado em frente à barraca), amigo da família Piva, o qual, provavelmente, foi quem abriu caminho para o menino Túlio, nessa visita inusitada ao acampamento revolucionário."
Fonte: História da Música no RS, pesquisa de Arthur de Faria