Os Chagas são uma grande família no Rio Grande do Sul e, hoje, são 10 gerações. Os descendentes estão espalhados por Porto Alegre, Santa Maria, São Vicente, Cacequi, Santiago, Itaqui, São Paulo e Rio de Janeiro. A família tem uma página no Facebook com o título "Família Chagas (Descendentes do Barão de Candiota)", com mais de 200 pessoas que compartilham fotos, histórias e encontros da família. A primeira geração da família Chagas no Brasil iniciou-se quando o casal José Antônio da Silveira e sua esposa Maria Inácia Simão Gonçalves, nascidos no arquipélago dos Açores, em meio ao Atlântico e distante 2 mil quilômetros da costa portuguesa, chegou ao Porto dos Casais, hoje Porto Alegre, em 1753. Maria Inácia tinha apenas 16 anos. Mais tarde, foram morar em São José do Norte e tiveram 14 filhos.
O antepassado mais ilustre dessa família foi Luís Gonçalves das Chagas. Ele nasceu na Estância do Espinilho (espinho-de-cristo), no município de São Gabriel, em 1815, e morreu em 13 de junho de 1894. Foi casado com Anna de Ávila. Luís pertence à quarta geração no Brasil. O nome Chagas é uma referência às chagas de Cristo. Campeiro inato, foi um dos mais ricos e poderosos estancieiros do Rio Grande do Sul. Segundo estimativas da época, as suas propriedades devem ter superado os 500 mil hectares, cerca de 2% da área do RS.
A residência dele, em Porto Alegre, foi construída por volta de 1850, na hoje Avenida Praia de Belas, próximo à atual Avenida José de Alencar. Foi uma das casas mais ricas e bem instaladas da cidade, mas, infelizmente, demolida por volta de 1950. Por decreto do imperador Dom Pedro II, em 8 de maio de 1875 foi distinguido com o título de Barão de Candiota pelos relevantes serviços prestados ao Império durante a guerra da Tríplice Aliança (1864-1870), comumente chamada de Guerra do Paraguai.
Quando o Barão morreu, em 1894, na Capital, deixou de herança 11 estâncias, uma para cada filho. Em 1900, seu corpo foi transladado para o jazigo da família no cemitério de São Gabriel. Também se destacou na família Januário Gonçalves das Chagas, que era filho do Barão de Candiota. Januário nasceu em 1848 e ganhou fama como um dos homens mais ricos do Estado. Era chamado de coronel Januário Chagas e gostava do apelido. Quando recebeu a herança pela morte do seu pai, distribuiu-a quase toda. Começou a vida com três contos e 600 mil réis. Arrendou um pedaço de campo, comprou alguns animais e foi em frente. Dizia que teve sorte. Atendendo bem os seus negócios, prosperou. Morreu em 1938 e deixou como herança 32 léguas de sesmaria de campo com um rebanho de 31,2 mil bovinos, patrimônio que foi dividido entre seus 16 filhos.
O legado político do Barão de Candiota foi exercido por Luiz Victorino Chagas (Lisoca), que nasceu em 1878 e era filho de Januário Chagas. Estancieiro, também se dedicou à política. Foi líder local do Partido Republicano, fundado por Júlio de Castilhos, e correligionário de Borges de Medeiros, presidente do Estado do Rio Grande do Sul por 25 anos. Lisoca morreu em 1939.
Colaborou Júlio Chagas.
Fontes:Barão de Candiota – Vila de Tiaraju, de Osorio Santana Figueiredo; Um Nome de Devoção, de Maria Tereza Chagas Braga; Barão de Candiota,de João Claudio Chagas Coutinho e Porto Alegre – Biografia duma cidade (vários autores).