Muitos cartuns até aqui
De uma reflexão aparentemente ingênua sobre a vida a uma crítica sutil à política. Tudo retratado por um traço simples e conciso, característica que fez a fama do desenhista Rafael Corrêa, que lança hoje sua primeira coletânea de cartuns, Até Aqui Tudo Bem, no Clube de Cultura (Rua Ramiro Barcelos, 1.853), a partir das 19h30.
A obra reúne tiras e cartuns produzidos nos últimos 10 anos e traz uma visão irônica do cartunista sobre o país, durante um período que ficou marcado pelo progresso social e posterior declínio. Também reflete sobre a vida pessoal do autor. Diagnosticado com esclerose em 2010, Rafael viu a doença avançar a ponto de perder os movimentos da mão esquerda, com a qual segurava a caneta. A dificuldade o levou a treinar a mão direita para o desenho e o esforço foi recompensado com reconhecimento nacional e internacional: Rafael colecionou 44 prêmios nesses últimos anos.
O cartunista estará presente hoje no Clube de Cultura, espaço que faz parte da história de Porto Alegre por abrigar manifestações de resistência política, para autografar os exemplares (com a mão direita). O livro reúne cerca de 220 cartuns e custa R$ 80.
Dançando Frida Kahlo
A GEDA Cia. De Dança comemora 35 anos com um programa duplo hoje: a estreia de Às Vezes, Eu Kahlo e a reapresentação de Verde (In)Tenso. As duas montagens, que levam assinatura da diretora e coreógrafa Maria Waleska van Helden, serão apresentadas a partir das 20h no Theatro São Pedro (Praça Marechal Deodoro, s/n°). Inspirado na vida e na arte de Frida Kahlo (1907-1954), o novo espetáculo se concentra no período em que a pintora ficou paralisada, após um grave acidente – a imobilidade física e a energia criativa da artista são interpretadas pela bailarina Graziela Silveira . Já em Verde (In)Tenso, vencedor do Prêmio Klauss Vianna 2016, bailarinos traduzem as paisagens do pampa e a gênese do gaúcho. Os dois espetáculos marcam o lançamento do projeto De Lá Prá Cá e têm ingressos à venda por R$ 40, na bilheteria do teatro.
Ira Sachs no Capitólio
A Cinemateca Capitólio apresenta a partir de hoje a mostra O Cinema de Ira Sachs, com três longas do diretor americano acompanhados por filmes clássicos que o influenciaram. A programação destaca três títulos recentes de Sachs: Deixe a Luz Acesa (2012), O Amor É Estranho (2014) e Melhores Amigos (2016), espelhados no ciclo com produções que inspiraram o diretor na criação de cada um deles: A Bigger Splash (1974), de Jack Hazan, A Cruz dos Anos (1937), de Leo McCarey, e Bom Dia (1959), de Yasujiro Ozu.
Sachs tem como marca autoral tramas intimistas que abordam, em diferentes contextos, questões públicas e privadas relacionadas à homossexualidade masculina na sociedade norte-americana, destacando a crise financeira global e o processo de gentrificação dos bairros populares de Nova York. Sachs tem como parceiros recorrentes os brasileiros Mauricio Zacharias (roteiro) e Rodrigo Teixeira (produção).
Na foto à esquerda, John Lithgow e Alfred Molina aparecem em cena de O Amor É Estranho, sobre casal gay que, às vésperas do casamento, após quatro décadas de convivência, sofre o abalo da demissão de um deles. Acompanhe a programação diária da mostra no roteiro de cinema.
Mensagens que vêm da pedra
O público terá duas oportunidades para compreender e discutir o trabalho dos escultores Ricardo Aguiar, José Kanan e Lúcio Spier. Hoje, às 16h, o Auditório do Margs (Praça da Alfândega, s/nº) recebe um bate-papo sobre a exposição Aguiar | Kanan | Spier – Escultores do Tempo, atualmente em cartaz no Espaço Cultural Correios (Rua Sete de Setembro 1.020). Amanhã, também às 16h, os artistas realizam uma visita guiada à mostra. Com curadoria do arquiteto e artista Fábio André Rheinheimer, Escultores do Tempo reflete sobre o ofício de escultor e a utilização da pedra como matéria-prima da arte. Segundo o curador, os três artistas “discorrem sobre a identidade de um lugar distante, somente acessível pelas mensagens geológicas impregnadas nos fragmentos de pedra”. A visitação à mostra no ECC é gratuita, de terças a sábados, das 10h às 18h, até 6 de outubro.
Casa de Cultura em festa
A Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ) está comemorando 28 anos de atividade cultural, e a celebração será com poesia e música. Hoje, quem se apresenta são Os poETs, projeto de Alexandre Brito, Ricardo Silvestrin e Ronald Augusto que mescla literatura e diversos gêneros musicais, incluindo rock, samba e jazz. Amanhã, a celebração é comandada pelo Conjunto Bluegrass Porto-Alegrense, que faz sucesso na rua e nos palcos da Capital resgatando o gênero musical tipicamente norte-americano. Nos dois dias, as apresentações estão marcadas para as 18h30, têm entrada franca e ocorrem no hall de entrada da CCMQ (Rua dos Andradas, 736) – o local ganhou nova decoração com peças do acervo da casa que remetem à época em que ainda era o Hotel Majestic. Na ocasião, também será lançado o Canal Quintana, com a programação semanal da CCMQ.
Bergman na redenção
Celebrar Ingmar Bergman (1918–2007) nunca é demais. Neste ano do centenário de nascimento do grande diretor sueco, mais uma mostra com alguns de seus principais filmes chega a Porto Alegre. A Sala Redenção (Campus Central da UFRGS) reapresenta até sexta-feira, com entrada franca, o ciclo O Lobo à Espreita, com nove longas do mestre. Se O Sétimo Selo e Morangos Silvestres, ambos de 1957, que abriram a programação nesta segunda, são filmes recorrentes nas mostras locais dedicadas a Bergman, assim como Persona (1966) e Sonata de Outono (1978), destaque para títulos com exibições mais raras na tela grande e com cópias cristalinas, como A Hora do Lobo (1968), Vergonha (1968), Face a Face (1976), a obra-prima Fanny e Alexander (1982) e Na Presença de Um Palhaço (1997).
Acompanhe os destaques de cada dia no roteiro de cinema da página 6. Veja a programação completa em bit.ly/bergmanufrgs.