A maré está crescente na vida de Anaadi. A gaúcha de Porto Alegre, destaque do programa The Voice em 2013, está agora alçando voo internacional. No fim da semana passada, a cantora de 31 anos antes conhecida como Ana Lonardi desembarcava de um voo no Rio de Janeiro quando soube da notícia que chancela sua trajetória. Foi indicada a três categorias do 19º Grammy Latino, braço latino-americano da mais importante premiação da indústria musical: Gravação do Ano, com a canção É Fake (Homem Barato), Artista Revelação e Melhor Álbum de Pop Contemporâneo em Língua Portuguesa, com o disco Noturno.
É a única representante do Brasil na disputa de Gravação do Ano, um dos prêmios mais cobiçados do Grammy Latino, que tem entre os 10 concorrentes nomes como o uruguaio Jorge Drexler. Na categoria Disco do Ano, o brasileiro indicado é Chico Buarque, com Caravanas.
Após a projeção no reality show musical, Anaadi lançou Noturno, seu primeiro álbum, em outubro de 2017. Tem nítida a visão de como sua vida mudou:
– Hoje, sou uma mulher de 31 anos que talvez ainda tivesse medo do “não virar das cadeiras” (sinal de aprovação dos jurados do The Voice Brasil), mas que, ao contrário daquela Ana de 2013, sabe muito mais sobre o seu valor e a sua identidade e, portanto, tem mais segurança no que vai propor para o mundo.
Esta segurança ficou mais clara com as indicações ao Grammy Latino. Nesse último ano, Anaadi confessa que questionava se valia o esforço de divulgar o álbum por conta própria e lutar contra o desafio que é se lançar no mercado fonográfico de forma independente:
– O desafio maior é fazer a música que a gente faz chegar nas pessoas. Você pode fazer um disco lindo e mesmo assim ele não chegar a muitos ouvidos, porque é muita coisa lançada por dia. Como fazer parte do circuito de discos que se tornam relevantes? Não tínhamos nenhuma garantia disso.
Em É Fake (Homem Barato), Anaadi mostra a mulher tomando a frente do discurso, dizendo quem é bom o suficiente para ela. É a mulher fazendo escolhas, em vez de ser escolhida:
– O fato de essa música ser indicada é para mim a afirmação de uma mensagem sobre a mulher ser a protagonista. E também a afirmação de um estilo enquanto artista.
Dois novos discos no horizonte em meio à agenda de shows
As indicações no Grammy Latino reafirmaram, diz Anaadi, seu modo de viver a vida: criar sentido em tudo o que produz. Após Noturno, pensa nos outros dois discos que formarão uma trilogia nos próximos anos: Iluminar e Vermelho. O primeiro está em processo de finalização e “tem uma aura de alegria, paz e esperança”.
– É uma afirmação do que a gente quer para o mundo, para o ser humano que está precisando tanto de paz – adianta Anaadi.
Além dos discos, a cantora segue com sua agenda de apresentações no Brasil e no Exterior. Para encarar tantos projetos, a porto-alegrense cita como inspiração uma frase da feminista americana Gloria Steinem: “A vida não se trata de fazer algo que seja relevante, e sim de fazer algo que reflita os valores nos quais você acredita”.
– O disco Noturno é bem isso. Se eu o ouvir daqui a 20 anos, ainda terei orgulho dele pela verdade que reflete. Se tem desafios, a gente os supera quando aquilo é verdadeiro e genuíno. O caminho para uma vida plena é esse.
Para celebrar o reconhecimento do Grammy, Anaadi fará um show especial na Capital. Será no próximo domingo (30), no London Pub (Rua José do Patrocínio, 964), às 20h, com ingressos à venda na plataforma Sympla.com.br por R$ 25 – na hora, o valor será R$ 30.
Mais gaúchos indicados
Além de Anaadi, outros artistas gaúchos se destacam na lista de indicados ao Grammy Latino: Vitor Ramil (Melhor Álbum de Música Popular Brasileira, com Campos Neutrais), Yamandu Costa (Melhor Álbum Instrumental, com Recanto), Vagner Cunha (Melhor Arranjo, por Campos Neutrais, de Vitor Ramil) e Leo Bracht (Melhor Engenharia de Gravação de Álbum, por Noturno, de Anaadi).