No segundo semestre de 2017, a gaúcha Anaadi lançou seu primeiro disco com show no Theatro São Pedro e, na época, disse que a sua hora iria chegar. Nesta quinta-feira (20), o desejo da cantora parece ter virado realidade: ela foi indicada a três categorias do Grammy Latino, principal premiação da música na América Latina, incluindo o principal prêmio da noite, a de Gravação do Ano pela faixa É Fake (Homem Barato).
Em entrevista por telefone, Anaadi conta que recebeu a notícia quando estava desembarcando de um avião, no Rio de Janeiro. O produtor dela, Leo Bracht, fez a ligação.
— Ele fez questão de me chamar naquele momento de silêncio, quando todos aguardam para sair da aeronave, sabe? Eu queria gritar e não podia — revela, entre risos.
A cantora de 30 anos diz estar muito feliz com o reconhecimento de sua obra, ainda mais sendo uma artista que trabalha fora do eixo Rio-São Paulo.
—Receber uma indicação dessas, de uma instituição tão grande, mostra que a gente está em um caminho bacana. (...) Acho que essas indicações mostram que não estamos loucos de fazer arte, que devemos seguir acreditando em nossos sonhos e que a gente é tão louco a ponto de acreditar: fazer isso é muito bom. É legal sair da caixinha, ousar, poder acreditar em algo que ainda não existe e ver dando certo. É o caminho para atingir realizações e felicidade — comemora.
Além das três indicações, o produtor de Anaadi foi lembrado na categoria de engenheiro musical.
História
Nascida em Porto Alegre com o nome Ana Lonardi, a cantora começou seus estudos de piano e canto quando tinha apenas cinco anos. Aos 16 anos, investiu tempo em composições próprias, sempre direcionadas ao jazz e à MPB. Após cursar a faculdade de Psicologia na UFRGS, Ana decidiu apostar alto na carreira de cantora: foi selecionada para participar do reality musical The Voice Brasil, em 2013.
Mesmo sendo eliminada, Anaadi tornou-se comentarista do programa pela RBSTV em 2015. Antes de divulgar seu primeiro disco de estúdio, a gaúcha fez trabalhos para o cinema: atuou como Maria Rosa no musical Nervos de Aço e produziu o documentário Arte das Musas? sobre mulheres na música. Além disso, a trilha sonora do documentário Madrepérola foi assinada por ela.
No ano passado, no entanto, Ana Lonardi teve a grande virada em sua carreira: abandonou o nome italiano e adotou o nome de Anaadi, preocupando-se em fazer um som mais despojado ao lançar o disco Noturno. No álbum, a cantora apresenta 11 faixas que oscilam entre o R&B, soul, reggae, afro, jazz, MPB e samba.
— Noturno é um disco dos tortos, dos diferentes, desacomodados, das pessoas que encontram na noite a possibilidade de serem felizes - são os famosos "gatos pardos". Me sinto a personagem do disco encontrando uma grande felicidade. Se sinto reconhecida, valorizada e respeitada — finaliza.