Após ser adaptada como uma minissérie de sucesso da TV Globo, em 2003, chegou a vez de A Casa das Sete Mulheres chegar aos palcos. Lançado em 2002, o romance best-seller da gaúcha Letícia Wierzchowski ganhará uma versão musical para teatro.
O espetáculo será produzido por Kiara Sasso e Lázaro Menezes, casal que comanda a Alto Mar Produções, e contará com a direção de Ulysses Cruz. Ainda em fase de pré-produção, o musical está previsto para estrear no dia 20 de setembro de 2019, em Porto Alegre. O romance que inspira o musical conta a história de mulheres da família de Bento Gonçalves vivendo sob o mesmo teto e lidando com as consequências da Revolução Farroupilha. Em outubro, Letícia lança dois livros: um romance intitulado
O Menino que Comeu uma Biblioteca e a biografia romanceada O Oitavo Dia, realizada em parceria com o empresário Nelson Sirotsky. Em entrevista a ZH, Letícia falou sobre o musical a caminho.
Como foi a concepção da adaptação musical de A Casa das Sete Mulheres?
Há alguns meses, a Kiara e o Lázaro me procuraram com a intenção de fazer um megamusical. Fomos nos organizando. Eles já chamaram o Marcos Vianna, que fez a trilha da minissérie. Então, algumas músicas da versão televisiva vão estar no musical, para respeitar esse imaginário coletivo que a série trouxe. Também serão compostas outras canções. Como Lázaro é gaúcho e músico, está buscando várias canções do folclore do Estado. Haverá audições no Rio Grande do Sul para encontrar artistas locais que cantem. Querem fazer um musical com uma presença orgânica gaúcha. A ideia é fazer uma megaprodução, com barcos ou cavalos sendo representados no palco.
Em uma época em que cada vez mais se fala em empoderamento feminino, a adaptação poderia reverberar esse momento?
Para mim, há uma coisa curiosa que é o fôlego desse livro. Quando o escrevi, não achei que fosse ser publicado. Uma história de sete mulheres trancadas em uma casa no século 19, por 10 anos, parece um pouco hediondo. Mas essa coisa de olhar o universo da guerra, que é masculino, pelo ponto de vista feminino, que gera uma curiosidade nas pessoas. Acho que o livro tem essa coisa da força da mulher, da determinação feminina. Mais do que nunca, precisamos bater nessa tecla, com certas situações se formando no país. Embora só vá estrear no ano que vem, esse musical vem em um momento bem necessário. O assunto começa a funcionar.
Como você encara hoje a adaptação televisiva de A Casa das Sete Mulheres?
Já na primeira vez que a obra foi adaptada, entendi que isso era uma honra. Toda vez que a literatura se desdobra, seja para a tela ou para o palco, acho que faz bem para todo mundo. Depois disso, adaptei O Continente, de Erico Verissimo, para o cinema e para a TV (o longa-metragem O Tempo e o Vento, de 2013, dirigido por Jayme Monjardim). Me vi em uma situação que era pegar a obra do Erico Verissimo, algo seminal da nossa cultura que cultuo, e ter que transformá-la em um outro ritmo e em outra maneira de contar uma história. Apesar de não ter participado do roteiro tecnicamente, sempre tive diálogos leves com os roteiristas. Agora, com a Kiara e o Lázaro, também. Nós trocamos um monte de ideias, eles têm perguntado um monte de coisas.