Depois de cerca de dois meses em queda, o número de pacientes internados em leitos clínicos por covid-19 no Rio Grande do Sul voltou a aumentar. No fim da tarde deste sábado (15) havia 2.207 pacientes nessa situação.
A curva desse indicador, que já apresentava queda lenta ao longo das últimas semanas, mudou de direção no sábado passado (8). Naquele dia havia 1.918 pacientes com covid-19 em leitos clínicos. Uma semana depois, são quase 300 pessoas a mais nesses leitos.
O coordenador da Rede Análise Covid-19, Isaac Schrarstzhaupt, diz que é preciso ficar alerta pois o aumento nas internações pode significar uma mudança de tendência. Caso isso esteja ocorrendo em todo o Estado, Schrarstzhaupt reforça o pedido de atenção do poder público para que não se repita o que ocorreu em fevereiro.
– Se for em todo o Estado é mais sério, pois indica um movimento que pode ser similar ao que aconteceu em fevereiro. De qualquer forma, se for um aumento de internações em algumas regiões é uma reversão de tendência, e deve ser analisada o quanto antes – alerta Schrarstzhaupt.
Os três principais grupos de indicadores para monitorar a pandemia são os casos, as internações e os óbitos. Apesar de sempre aumentarem primeiro os números de novos casos e depois os de internações, por vezes um cenário de piora da pandemia aparece primeiro nos hospitais, por conta da agilidade com que as casas de saúde registram a inclusão de novos pacientes. Já os novos casos podem levar semanas para serem incluídos no sistema, devido ao tempo que leva para parte dos pacientes realizarem testes de covid-19 e saírem os resultados.
– O indicador de hospitalizações não é o primeiro que acontece, mas pode aparecer mais rápido que o indicador de casos, pois a notificação feita pelo hospital no sistema é relativamente rápida – explica Schrarstzhaupt.
Mesmo que os indicadores de novos casos apresentem defasagem, Schrarstzhaupt já percebe neles uma mudança de comportamento nas últimas semanas. Segundo ele é cedo para dizer que há um aumento de casos em todo o Estado, mas já é possível falar em tendência de reversão nesse indicador.
– Eu diria que já freou a queda, estabilizou e, agora, em alguns locais, já há sinais de leve aumento – diz o cientista de dados, ao analisar a média móvel da taxa de crescimento de novos casos notificados.
Neste domingo (16), o governo do Estado troca o sistema do distanciamento controlado (com uso de bandeiras de risco) por um novo modelo, baseado em avisos e alertas. O novo sistema estadual, chamado de 3 As, vem acompanhado de flexibilizações para diversos setores e passa aos prefeitos a responsabilidade pela definição da maioria dos protocolos.