Cientistas de dados e profissionais de saúde atentos aos números relacionados à pandemia de covid-19 voltaram a chamar a atenção para a curva de novos casos no Rio Grande do Sul nas últimas semanas. Conforme apontam as estatísticas, a tendência que era de queda está se modificando e em boa parte dos municípios já ficou estável — sem contar as regiões que já registram leve alta no número de pacientes que positivaram para o coronavírus.
— Os casos (novos) pararam de cair no início de abril. Vieram as reaberturas, e os números mostraram estabilização. Só que essa estabilização está no mesmo patamar do pico de dezembro do ano de 2020. Agora, com novos casos, há uma tendência de novo aumento de hospitalizações. Essa "normalidade" não segura muito tempo, conforme a gente vê o aumento de casos — explicou à coluna o chefe do Serviço de Infectologia do Hospital Moinhos de Vento , Alexandre Zavascki.
A pedido da coluna, o cientista Isaac Schrarstzhaupt, que é também coordenador na Rede Análise Covid-19, verificou quais são as regiões do Estado que já apresentam esta "tendência de alta".
Os números apontam alta leve nas regiões de Uruguaiana, Cruz Alta e Passo Fundo. E há um aumento já visível nas localidades de Palmeira das Missões, Ijuí, Cachoeira do Sul e Santo Ângelo. Em Santo Ângelo, conforme relatou o prefeito, Jacques Barbosa, ao programa Gaúcha Mais nesta sexta-feira (14), os hospitais já estão operando no "limite da sua capacidade". Preocupado, o prefeito anunciou a suspensão da volta às aulas e estuda medidas mais restritivas para frear a circulação de pessoas.
O prefeito contou que durante os primeiros treze dias do mês de maio, o município registrou 19 crianças (de 0 a 10 anos) e 71 adolescentes (de 11 a 20 anos) contaminadas com o vírus da covid-19.
— São indicadores que cresceram exponencialmente. Foram 765 casos em apenas trezes dias — afirmou.
— O cenário geral aponta uma reversão da tendência de queda — explicou Isaac Schrarstzhaupt.
Para entender melhor sobre essa fala, basta olhar o gráfico. Preste atenção no terceiro quadro da esquerda para direita (acima). Ele mostra o número de novos casos por dia. A linha azul que estava descendente começa a ir para o lado, em vez de continuar descendo.
— Estamos (de novo), na beira de um aumento de casos. Vejam a curva que mostra a velocidade de notificações de novos casos. Vejam o movimento desejado (seta verde) e o real (seta vermelha) — complementou Isaac, referindo-se ao gráfico abaixo.
Ouça a entrevista de Isaac Schrarstzhaupt à Rádio Gaúcha nesta sexta-feira (14):