Representantes do consórcio de governadores do Nordeste e integrantes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) se reuniram nesta terça-feira (6), em Brasília, para discutir a demanda de importação de lotes da vacina contra a covid-19 Sputnik V, desenvolvida pelo Instituto Gamaleya, da Rússia, que possui parceria com a empresa brasileira União Química.
De acordo com o presidente do consórcio, o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), a equipe da Anvisa fez uma apresentação técnica, mas houve uma polêmica sobre o pedido de aprovação excepcional do uso do imunizante russo que seria importado pelos governos estaduais.
Os Estados do Nordeste negociam quase 40 milhões de doses com o governo russo. Mas a conclusão do contrato está condicionada à autorização por parte da autoridade sanitária brasileira, a Anvisa.
A Anvisa informou que fará uma visita à Rússia para avaliar as condições de fabricação da Sputnik V. Contudo, os governadores requereram que essa visita não seja uma condição para a permissão excepcional.
Na semana passada, a Anvisa negou a Certificação de Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos ao laboratório indiano Bharat Biotech, que produz a vacina Covaxin, depois de visita de inspeção, como a que será feita à fabricante russa.
— A decisão da Anvisa é que pode garantir que tenhamos mais vacinas em abril. A intenção é ter 37 milhões de doses compradas pelos Estados e mais 10 milhões adquiridas pelo governo federal. Temos 4 mil pessoas que morreram nas últimas 24 horas. Tirar essas vacinas seria um desastre para o Brasil — disse Wellington Dias, após o encontro.
Conforme o governador do Piauí, a legislação brasileira prevê a validação da autorização excepcional quando um imunizante tiver recebido o aval de autoridade sanitária de uma série de países.
No Twitter, o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), questionou a posição da Anvisa de ir à Rússia para avaliar o pedido de importação, classificando-a como “inacreditável” diante da situação da pandemia no país.
Uma nova reunião foi marcada para esta quarta-feira (7) para dar continuidade às tratativas sobre a possibilidade de importação da Sputnik V. A reportagem solicitou uma avaliação da Anvisa sobre o encontro e aguarda retorno.