Pela primeira vez, o Rio Grande do Sul tem duas regiões consideradas de risco epidemiológico altíssimo para o coronavírus. No anúncio divulgado nesta segunda-feira (14) pelo governo gaúcho, as regiões de Bagé e de Pelotas estão oficialmente em bandeira preta — que impõe o mais alto nível de restrição previsto no sistema de distanciamento controlado, implementado em maio. A classificação passa a valer a partir desta terça (15) e segue até a próxima segunda (21).
A possibilidade deste cenário já havia sido indicada na última sexta-feira (11), quando o mapa preliminar classificou as duas regiões na cor preta.
Há também uma região classificada em bandeira laranja, de risco médio, que é a região de Cruz Alta. Estão na cor vermelha, de risco alto, outras 18 regiões: Porto Alegre, Cachoeira do Sul, Canoas, Capão da Canoa, Caxias do Sul, Erechim, Guaíba, Ijuí, Lajeado, Novo Hamburgo, Palmeira das Missões, Passo Fundo, Santa Cruz do Sul, Santa Maria, Santa Rosa, Santo Ângelo, Taquara e Uruguaiana.
Conforme o Executivo gaúcho, o Gabinete de Crise recebeu cinco pedidos de reconsideração desde a divulgação do mapa preliminar. O gabinete indeferiu todos, "principalmente devido à constante redução de leitos de UTI livres", segundo o governo. No caso de Pelotas, a solicitação havia sido enviada pela associação regional, enquanto em Bagé foi pelo município. Ao todo, 28 municípios estão em regiões de bandeira preta, o que representam 9,3% da população gaúcha.
Embora seja o nível com mais restrições de atividades no modelo de distanciamento controlado, a bandeira preta não significa o mesmo que um lockdown, que implicaria em ainda mais restrições. A cor preta representa, segundo o governo do RS, que tanto a capacidade hospitalar como o contágio por coronavírus alcançaram níveis críticos nas regiões. Por isso, indica a necessidade de cuidados mais rígidos do que os já adotados na bandeira vermelha, segundo o Estado.
Cogestão será retomada e municípios têm opção de não seguir regras da bandeira preta
Um novo decreto deve ser publicado entre esta segunda e terça, com alterações nas regras que vigoram no Estado.
Uma das mudanças é que o governo permitirá que municípios em bandeira preta que se encaixam na regra 0-0, ou seja, não têm registro de óbito ou hospitalização de moradores nos últimos 14 dias, adotem protocolos de bandeira vermelha. Antes, a prerrogativa só era permitida a municípios em bandeira vermelha para que adotassem regras da bandeira laranja. Nesta semana, oito municípios na cor preta cumprem os critérios da regra 0-0.
Outra alteração, que deve valer a partir desta terça, é que o sistema de cogestão regional volta a valer no RS. No modelo, os municípios podem adotar protocolos próprios, que passam pela autorização do Executivo estadual. Esse mecanismo estava suspenso nas últimas semanas, diante do avanço da doença no Estado.
Dessa forma, com a retomada da cogestão, municípios em bandeira preta têm a opção de seguir regras mais brandas, como as da bandeira vermelha, se tiverem o protocolo de cogestão aprovado pelo governo. É o caso de Pelotas. Já a região de Bagé informou que o protocolo, prevendo regras da bandeira vermelha, deve ser enviado ainda nesta segunda para aprovação do Estado.
Das 21 regiões covid, 18 já adotaram protocolos próprios. Além de Bagé, apenas as regiões de Guaíba e Uruguaiana não aderiram à cogestão.