O prefeito de Bagé, Divaldo Lara, afirmou que o município não irá fechar comércio nem restringir atividades mesmo com a classificação da região em bandeira preta no modelo de distanciamento controlado no Estado. Para ele, a categorização do governo do RS, que considerou a região de risco epidemiológico altíssimo para o coronavírus, foi "um ato arbitrário". A classificação, divulgada nesta segunda-feira (14), passa a valer a partir desta terça (15) e segue até a próxima segunda (21).
— Bagé é um dos municípios com menor número de infectados e de vítimas ao longo de nove meses de pandemia. Portanto, a bandeira preta, essa imposição de fecha tudo por parte do governo do Estado, é simplesmente um crime, um ato arbitrário e descontextualizado por parte do Executivo estadual. Nós iremos seguir os protocolos da bandeira vermelha. Não vamos fechar a cidade, nenhum comércio fecha amanhã — afirmou Lara.
De acordo com o prefeito, nunca faltaram leitos para o tratamento da população de Bagé e arredores. Segundo Lara, 16 dos 30 leitos de Bagé estão vazios nesta segunda. Na sexta-feira (11), quando o mapa preliminar já indicava Bagé na bandeira vermelha, o prefeito já tinha afirmado que não fecharia o comércio.
Conforme Lara, as seis cidades que compõem o grupo (Bagé, Candiota, Dom Pedrito, Hulha Negra, Lavras do Sul e Aceguá) irão enviar ainda nesta segunda-feira um protocolo de cogestão, prevendo regras da bandeira vermelha, para aprovação do governo do Estado. Para valer, esse protocolo precisa ser previamente aprovado pelo Executivo estadual.
A cogestão é o mecanismo que permite que as regiões adotem restrições mais leves do que as determinadas pelo Palácio Piratini, e essa ferramenta estava suspensa nas últimas semanas. No entanto, um novo decreto do governo do Estado — a ser publicado entre esta segunda e terça — fará alterações nas regras que vigoram no Estado. Uma das mudanças é que o sistema de cogestão regional volta a valer no RS a partir desta terça.
Segundo Lara, se o protocolo para cogestão não for aprovado pelo governo estadual, um mandado de segurança será impetrado na Justiça na tentativa de garantir que as regras da bandeira vermelha vigorem na região.
Em material divulgado pelo Estado, junto do anúncio da classificação para esta semana, o governo do RS afirma que a região de Bagé apresentou piora na avaliação dos indicadores que abrangem dados específicos da região.
"Houve ainda piora na avaliação dos três indicadores de Velocidade de Propagação da Macrorregião Sul, além da piora dos indicadores de Mudança da Capacidade Atendimento macrorregional e estadual. Com isso, a região figura pela primeira vez dentro dos parâmetros que determinam a bandeira final na cor preta", diz o material.
Comércio fica "profundamente prejudicado", diz entidade
Presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Bagé, Vórgia Obino afirma que o comércio fica "profundamente prejudicado" com a classificação.
— O prejuízo do comércio é imenso, justo nesse momento de vendas de fim de ano. E sabemos que não é o comércio que causa aglomeração, pois seguimos todas as regras e protocolos impostas. Não podemos pagar a conta dessa forma. É preciso que o poder público entenda que há outras medidas de permitir o funcionamento do comércio, mesmo com restrições, sem que ele seja totalmente interrompido — disse.