Com a vacinação contra covid-19 seguindo adiantada e vários estabelecimentos reabrindo as portas em muitas regiões dos Estados Unidos, o fim de semana de Páscoa viu a volta da atividade turística em algumas cidades, talvez indicando com isso o momento da virada para esse setor tão combalido.
Segundo Chip Rogers, presidente da Associação Norte-Americana de Hotéis & Pousadas, organização comercial da indústria da hospitalidade, antes do fim de semana do feriado a recuperação era regional, com lugares como a Flórida e o Texas mandando bem, e cidades tradicionais no circuito dos simpósios e convenções, como Chicago, Orlando e Las Vegas, lutando para se reerguer.
— Em relação às viagens de lazer, a boa recuperação que começamos a ver nos fins de semana agora começou a se estender. O que tradicionalmente ocorria entre sexta e domingo já passou para o período de quinta a segunda. Mas, com a ausência das viagens a trabalho, as reservas de meio de semana continuam baixas. De qualquer forma, há motivo para um otimismo cauteloso — disse Rogers.
Porém, segundo os especialistas, mesmo os viajantes já devidamente vacinados devem ter cuidado ao visitar certos Estados: os casos estão aumentando em alguns destinos mais populares, como a Flórida, provavelmente em decorrência das famosas festas realizadas durante a semana de recesso escolar. O Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC, na sigla em inglês) ainda recomenda que as pessoas usem máscara, mantenham o distanciamento social e lavem as mãos com frequência, ainda que alguns governos municipais tenham afrouxado ou suspendido essas regras.
Aqui vai um resumo de como foi a Páscoa em cinco das maiores cidades norte-americanas e o que isso pode representar para o futuro do turismo.
Nova York: há vida na Times Square
Nova York ganhou vida na Páscoa, já que muitos estabelecimentos e serviços que tinham permanecido fechados desde o início da pandemia reabriram em 1º de abril, ainda que com capacidade reduzida, como ginásios de esportes e casas de shows, alguns hotéis e passeios de barco.
Times Square, talvez o melhor termômetro da atividade turística na cidade, teve a melhor contagem de pedestres deste ano até agora: cerca de 150 mil por dia, segundo a Times Square Alliance, que monitora a atividade na área. Isso representa um aumento de 394% em relação ao mesmo fim de semana no ano passado, embora ainda esteja bem longe dos números pré-pandemia. Em 2019, por exemplo, uma média de 364 mil pessoas por dia visitou a região.
— Ainda tem muito chão até a reabertura da Broadway, que representará um aumento significativo do turismo na cidade e em Times Square, mas são esses pequenos passos que permitem ao público aproveitar o que a área tem a oferecer depois de um ano longo como esse último — disse Tom Harris, presidente interino da entidade.
Miami: hotéis com 75% de ocupação
O tempo cada vez mais quente e as regras pandêmicas relativamente lenientes vêm atraindo muitos turistas a Miami e à área que a cerca. Esse influxo provou ser problemático no período do recesso escolar, quando os policiais, devidamente munidos com equipamentos especiais, usaram balas de pimenta para fazer valer o toque de recolher emergencial e dispersar quem ignorava as regras de distanciamento social e uso de máscara.
— No período entre 28 de março e 3 de abril, Miami teve o maior nível de ocupação desde o início da pandemia, com a maioria dos hotéis registando até 75%, apenas 6,6% a menos do que o mesmo fim de semana em 2019 — contou Suzie Sponder, porta-voz do Centro de Convenções & Visitantes da Grande Miami.
Los Angeles: de olho no visitante doméstico
Em Los Angeles, segundo o Conselho de Convenções & Turismo municipal, a ocupação dos hotéis vem crescendo aos poucos, de semana a semana, desde o início do ano.
— Calculamos que em 2021 as visitas vão crescer 35% em relação a 2020, mas é provável que os níveis de 2019 sejam recuperados só em 2024 — anunciou Jamie Simpson, vice-presidente de comunicações globais do órgão.
Com a reabertura dos estabelecimentos, o conselho começa a se concentrar no visitante doméstico. Os museus da cidade já voltaram a reabrir, bem como os parques temáticos e os eventos ao vivo ao ar livre (a Disneylândia, na vizinha Anaheim, deve reabrir no fim de abril).
Las Vegas: reservas com um mês de antecedência
Muita coisa vem reabrindo em Las Vegas, inclusive as festas à beira da piscina promovidas pelos hotéis.
— Se você estiver em Las Vegas e tentar entrar em uma piscina, vai enfrentar dificuldades. É mais ou menos como tentar fazer uma reserva de restaurante na noite do Réveillon, ou seja, não é uma coisa que se resolve de um dia para o outro — comentou Derek Stevens, proprietário e COO do Circa Resort & Casino. — Nos meus estabelecimentos, por exemplo, incluindo os outros dois hotéis, é preciso reservar com um mês de antecedência por causa dos limites de capacidade reduzida e distanciamento social, o que prova que há uma demanda forte para as viagens de lazer. A capacidade dos hotéis e de outras casas da cidade está limitada a 50%.
Nova Orleans: aposta na música ao vivo
Embora Nova Orleans tenha visto um aumento de visitantes na semana do recesso escolar, Pessach e Páscoa, ainda tem muito chão para recuperar integralmente o setor de hospitalidade, que movimenta US$ 10 bilhões. A ocupação hoteleira vem se mostrando instável, variando de 20% a 49% entre janeiro e março, mas batendo em 90% em fins de semana de feriado no Bairro Francês, por exemplo, afirmou Kelly Schulz, vice-presidente de comunicações da New Orleans & Co.
Ela acredita que a volta das apresentações musicais ao vivo concretize uma pesquisa: 60% das pessoas que estiveram no site NewOrleans.com pretendem viajar para a cidade nos próximos três meses.