Quem pretende enfrentar as adversidades da pandemia e fazer turismo na Argentina ainda terá de aguardar a volta de voos diretos entre Porto Alegre e Buenos Aires. A entrada por carro, ônibus ou transatlânticos por enquanto está suspensa, de forma que a via aérea é a única opção. No entanto, a Aerolíneas Argentinas, a única companhia que fazia o trecho, ainda não anunciou a retomada das viagens entre o aeroporto Salgado Filho e a cidade portenha.
No final de outubro, a empresa aérea retomou os voos regulares domésticos e reativou alguns internacionais, incluindo São Paulo (SP) - o único a partir do Brasil. Entretanto, não há previsão oficial para reativação de outras saídas do Brasil.
— Nos nossos sistemas de reservas já há voos para Buenos Aires programados para o Salgado Filho a partir de 1º de dezembro, mas oficialmente estas linhas ainda não existem, é só uma previsão — explica Jussara Yanez Leite, diretora da operadora Personal Turismo.
Conforme a Fraport, que administra o aeroporto da capital gaúcha, não há nenhuma solicitação de voo internacional sob análise no momento. A reportagem questionou a Aerolineas sobre a previsão de reinício do trajeto, mas não recebeu resposta. Por enquanto, uma passagem com este destino de Porto Alegre com escala em São Paulo sai por R$ 2.564 e dura longas sete horas, conforme o site SkyScanner.
Em 31 de outubro, a Argentina voltou a aceitar turistas internacionais apenas em sua capital. É proibido fazer conexões no aeroporto de Ezeiza para destinos como Ushuaia, Bariloche e Mendoza. Da mesma forma, estrangeiros que estejam a passeio em Buenos Aires e sua região metropolitana não têm autorização para seguir de carro ou ônibus para outras cidades.
O turista brasileiro que resolver embarcar ao país precisa seguir uma série de exigências. Além de passaporte ou RG válidos, é preciso apresentar teste PCR negativo com até 72 horas de antecedência do embarque, formulário eletrônico juramentado, um seguro viagem que conte com a cobertura para covid-19 e um período de estadia de no máximo 10 dias.
— O controle é muito rigoroso para que o estrangeiro não circule pelo país. Para quem conseguir viajar para ficar apenas em Buenos Aires, este é um momento ótimo, já que o câmbio lá está muito barato — diz João Augusto Machado, vice-presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagem no Estado (Abav-RS).
Com a crise financeira e a desvalorização do peso, os preços em restaurantes desabaram, relata Machado. Um almoço executivo em Puerto Madero custa não mais do que US$ 5 (R$ 26,70), enquanto pacotes de quatro noites em bons hotéis da cidade saem por US$ 350 (R$ 1.869), incluindo os voos que poderão decolar de Porto Alegre a partir de 1º de dezembro.
— Os receptivos da Argentina dizem que antes do final do ano deverão ser reabertas ao turismo as outras cidades, inclusive para o Réveillon. Mas minha opinião é que ainda é precipitado programar passar o final do ano em cidades como Bariloche ou Mendoza — avalia Jussara.
A Argentina enfrenta dificuldades no combate ao coronavírus. Apesar de estar há quase sete meses sob intensas restrições, o país tem visto o número de novos casos de covid-19 aumentar significativamente. Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), são 1,318 milhão de infectados e 35,7 mil mortos.
Em razão da gravidade dos números, museus seguem fechados e há restrições para eventos com público, como shows de tango - conforme Jussara, há apenas duas casas de espetáculos autorizadas a funcionar em Buenos Aires.