A jornalista Isabel Marchezan, de GaúchaZH, escreveu este texto direto do Reino Unido
Enquanto o governo britânico resiste em determinar um shutdown completo, como fizeram Itália e França, a população toma as próprias providências. Londres esta quase irreconhecível, com boa parte dos pubs, restaurantes e lojas fechados.
Bilhetes educados nas portas explicam o que já se sabe: culpa do coronavírus — por outro lado, uma das maiores redes de pubs do pais, a Wherherspoon mantém seus bares abertos e distribui sobre as mesas um manifesto do CEO, justificando que não concorda com a paralisação da economia. Mesmo sem confinamento determinado oficialmente, escritórios mandam seus funcionários para casa, e as ruas da cidade, o trânsito e o metrô estão consideravelmente mais tranquilos, assim como pontos turísticos que normalmente parecem formigueiros, como Piccadilly Circus e Oxford Street. Um silêncio que grita bem alto. Nos mercados de Camden Town, metade das bancas já está fechada, e os corredores, normalmente difíceis de percorrer, estão vazios.
Londres está meio sem graça, e os londrinos, tristes e preocupados em tapar o nariz e a boca (embora mais gente use luvas do que máscaras por aqui). Cheio de gente mesmo só o aeroporto, "passeio" que fiz duas vezes em cinco dias, tentando garantir uma passagem de retorno, já que a companhia aérea cancelou a viagem duas vezes, mas não ofereceu alternativa e tampouco responde telefone, e-mails ou qualquer tipo de mensagem.
Depois de abreviar o roteiro destas férias devido a impossibilidade de entrar em dois países (primeiro, Israel fechou as fronteiras para turistas; na sequência, desisti de entrar na Alemanha prevendo que não conseguiria sair, e o fechamento das fronteiras acabou se confirmando), achei melhor não confiar na empresa.
O último roteiro oferecido me deixaria em Belo Horizonte, em vez de Porto Alegre, e de lá a viagem para casa seria por minha conta. Como esse itinerário também surgiu cancelado no site da companhia, a solução foi voltar a Heathrow e reagendar o voo. Afirmando que esse também pode ser cancelado a qualquer momento, me ofereceram lugar dois dias depois em outro avião. Aceitei. Mas saindo do aeroporto, comprei online outra passagem, de outra empresa, e agora tenho reserva em dois voos de volta para o Brasil nos próximos dias. Um deles há de partir.
Mapa do coronavírus
Acompanhe a evolução dos casos por meio da ferramenta criada pela Universidade Johns Hopkins: