Com a alta do dólar durante o ano de 2019, o gaúcho teve que optar por viagens mais em conta para as férias de verão. No primeiro dia do ano, o preço da moeda norte-americana era de R$ 3,89. Na cotação da quinta-feira (19), o dólar comercial valia R$ 4,06.
A ideia inicial da corretora de seguros Vera de Fátima Ferreira Nunes era fazer uma viagem internacional: ou para a Holanda ou para o Canadá. Ela conta que escolheu passar 30 dias no segundo país, já que tem uma amiga que mora lá. Porém, com o aumento da moeda norte-americana, Vera optou por passar as férias em solo brasileiro.
— Com o preço das passagens e todas as despesas, eu iria gastar quase R$ 20 mil. Com esse dinheiro eu consigo fazer quase 10 viagens de cinco dias no Brasil — relata.
Os destinos escolhidos por ela foram o litoral gaúcho e o litoral catarinense. A corretora explica que decidiu ir para praias que já visitou, principalmente por ter que se adaptar ao cenário da economia.
— Vou ficar 10 dias em Remanso (Xangri-lá) e no final do mês de janeiro vou passar 15 dias em praias de Santa Catarina. Escolhi elas por causa do preço, pela locomoção e também por proximidade. Vou tirar umas férias mais econômicas — informa.
Veraneio de 2020
Uma pesquisa divulgada pela Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS) mostra que o litoral do Estado é o principal destino turístico das férias dos gaúchos. Dos 385 entrevistados, 46,8% disseram que viajarão no verão, sendo a maioria para praias gaúchas e de outros Estados.
A preferência, conforme a Fecomércio-RS, é o Litoral Norte: Capão da Canoa, Tramandaí e Torres são os municípios mais procurados. Segundo o Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Litoral Norte do Rio Grande do Sul, 80% da ocupação hoteleira já está esgotada para o mês de janeiro.
— A expectativa é de que o veraneio de 2020 seja um dos melhores. As pessoas precisam fazer suas reservas com antecedência até para não cair em golpes, de fazer uma locação e chegar na praia e não ter o seu apartamento — alerta a presidente do Sindicato, Ivone Ferraz.
Adaptações garantem as viagens
Conforme o vice-presidente de Relações Externas da Associação Brasileira de Agências de Viagem do Rio Grande do Sul (Abav-RS) João Augusto Machado, o alto custo da moeda americana não impede as viagens, mas faz justamente com que os clientes se programem ou façam mudanças com relação ao destino.
— Hoje em dia as pessoas não deixam de viajar. Aqueles que planejam uma viagem para o Exterior, na medida do possível procuram acomodações em conta ou ofertas e promoções. Obviamente a questão cambial influencia bastante. Tem pessoas que desejam ir para Orlando (EUA), nos parques da Disney, e que tinham ideia de ficar sete, oito noites e acabam ficando quatro — afirma.
Machado complementa que os turistas estão procurando destinos nos quais, mesmo pagando em dólar, tenham direito a acomodações mais em conta e opções mais baratas para reduzir os custos. Entretanto, resorts com sistema all-inclusive (quando a diária inclui comidas e bebidas ilimitadas) também estão entre as opções buscadas.
— A pessoa já sai sabendo os custos da viagem. Eventuais despesas que se teria no destino já estão cobradas — explica.
Ainda segundo dados da Fecomércio-RS, menos pessoas vão viajar se comparado ao ano passado. Porém, de acordo com a Federação, elas planejam investir mais nas viagens em solo brasileiro. Cerca de 42% pretendem gastar até R$ 1 mil com as férias de verão e 35,6% afirmaram que irão desembolsar entre R$ 1.000,01 e R$ 3.000,00.