Marlei Carmen Reginatto Klein*
No final da Idade Média, viviam em Biertan aproximadamente 5 mil pessoas. Hoje, não há nem a metade de habitantes nessa localidade da Transilvânia, na Romênia. Todos os sábados, na Praça Central, acontecia a Grande Feira, que, além das mercadorias para vender ou trocar, oferecia um festival germânico – os “Sachsen” reviviam a sua origem. Hoje, apenas no sábado da terceira semana de setembro os descendentes de alemães ainda registram o apogeu da vida cultural. Reúnem-se na praça para festejar, junto a artistas, orquestras e grupos de dança com trajes típicos, compartilhando uma mesa farta, muita cerveja e muito vinho.
O alemão também é preservado nas escolas da região, que ensinam a língua às crianças, em uma tentativa de perpetuar tradições. Mas uma delas já se perdeu, a dos vinhedos. Um majestoso rio cortava Biertan, que é cercada por colinas. Os imigrantes compararam o local com as terras que cercam o Rio Mosel, na Alemanha. Fizeram terraços nas colinas e começaram a produzir vinhos. Só que os antigos habitantes foram desaparecendo, levando consigo a maneira de elaborar a bebida.
Biertan é célebre por sua catedral luterana fortificada. Ela fica no centro e requer do visitante a subida de 73 degraus – por isso que quase não há serviços religiosos, pois a maioria da população é idosa e não consegue enfrentar o desafio. Construída por volta do ano 1468, em estilo gótico tardio, a fortaleza conta com quatro torres. Uma é para os sinos, a segunda, para marcar as horas, a terceira é uma câmara mortuária onde estão os restos do bispos saxões e a quarta, a torre católica, onde se encontram pinturas do século 15 que retratam Jesus, anjos, a Virgem Maria, os Reis Magos e São Jorge. Em 1977, um forte terremoto sacudiu a região e destruiu parte do maravilhoso órgão de tubos da igreja.
Está ligada à religião uma outra tradição local, a do cárcere matrimonial. Quando um casal não se entendia e estava a caminho da separação, marido e esposa eram colocados em uma casinha com uma só cama, uma mesa, uma cadeira, um copo, um prato e um talher. Os dois tinham de se adaptar a esta circunstância. Devia funcionar, pois em Biertan, segundo consta, nos últimos 400 anos somente um casal se separou.
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- O Castelo de Peles é um palácio neorrenascentista nas montanhas dos Cárpatos, perto da cidade de Sinaia. Começou a ser construído em 1873, pelo então príncipe Carlos de Hohenzollern-Sigmaringen, que se tornaria rei da Romênia em 1877, quando foi declarada a independência.
- O Castelo de Bran, na fronteira entre a Transilvânia e a Valáquia, é promovido como o “Castelo do Drácula”. Diz a lenda que teria sido lar do príncipe Vlad Dracul, o Empalador, inspiração para o célebre romance de Bram Stoker.
*Professora aposentada