Neide Ries Pereira da Silva*
A Eslovênia, um país tão pequeno da Europa central, é dona de imensas riquezas naturais, como florestas, lagos, vales, planícies e muitas montanhas. Mas, o mais incrível, é que tem mais de 9 mil cavernas, sendo que somente 26 podem ser visitadas.
A Caverna de Postojna (Postojnska Jama, em esloveno) – ou Grutas de Postojna, como também é conhecida – foi descoberta há mais de 200 anos. Está situada a 46 quilômetros de Liubliana, a capital eslovena, e a três de Postojna. Fica dentro de um parque com ótima infraestrutura, estacionamento, restaurantes, lojas de souvenires, hotel e uma grande área verde.
Trata-se de um sistema de túneis, cavernas, galerias e pontes com 24 quilômetros de extensão, que foram “esculpidos” em pedra calcária pelo Rio Pivka durante mais de 3 milhões de anos. O turista fica deslumbrado pela magia do lugar. É um daqueles lugares em que as fotos não conseguem traduzir a grandiosidade do que se vê.
O passeio pelo interior da caverna contempla apenas cinco quilômetros e é percorrido em duas etapas: 3,7 km são percorridos em um trenzinho elétrico e o restante, a pé (dificuldade moderada). Pode ser feito em um tour guiado (em esloveno, inglês, alemão ou italiano) ou com áudio-guia (são 17 idiomas, incluindo português do Brasil). Todo o trajeto é iluminado, há degraus, rampas e pontes, e a visita dura 90 minutos.
Cada área tem uma denominação de acordo com as formas e cores das formações rochosas. Estalagmites (formas que crescem do chão para cima) e estalactites (pendem do teto na forma de cones pontudos) estão presentes em grande quantidade e são resultado do gotejamento de água das paredes das cavernas. O passeio começa pela Grande Montanha. Depois, atravessa-se a Ponte Russa, construída por prisioneiros durante a Primeira Guerra Mundial. O turista irá percorrer vários “salões”. Dentre eles, o Arranha-Céu, onde está a mais antiga estalagmite, com 16 metros de altura; o Salão Vermelho, com rochas avermelhadas; o Salão Spaghetti, assim chamado devido às finas estalactites que “caem” do teto; e o mais famoso, o Brilhante, uma estalagmite cintilante, de cor branca, com cinco metros de altura. A Sala de Concertos – um anfiteatro natural, com excelente acústica – pode receber até 10 mil pessoas, e já atraiu artistas dos mais diferentes gêneros musicais para shows. Nas festividades de final de ano, ali acontecem concertos de música clássica.
Dentro da caverna, vivem várias espécies de animais, mas o mais curioso, e intrigante, é o Proteus anguinus, um anfíbio cego, também chamado de “peixe humano” por ter a pele parecida com a do homem.
Os proteus também são conhecidos por “dragões-bebês”, pois, no século 17, quando as enchentes empurravam as criaturas para fora da caverna, eram confundidos com dragões pelos habitantes da Eslovênia. O proteus vive apenas em águas subterrâneas do sul da Europa e tem uma expectativa de vida de até 100 anos. E o mais incrível: pode sobreviver até 10 anos sem comida! Podemos ver um exemplar, na parte final do passeio, exposto em um aquário.
Programe-se
- O Parque da Caverna de Postojna abre durante os 365 dias do ano. De maio a setembro (alta temporada), as visitas começam a cada hora (mesmo assim, é melhor comprar os ingressos antecipadamente, pois há longas filas); na baixa temporada, ocorrem somente às 10h, 12h ou 15h. O ingresso custa 28 euros (R$ 126) para adultos.
- A Caverna de Postojna fica a 115 metros de profundidade. A temperatura lá dentro varia entre 7ºC e 10ºC (é muito frio, leve um casaco grosso ou alugue um sobretudo no próprio parque).
*Farmacêutica-bioquímica aposentada