Por Luciano Ribeiro Pires*
Paramaribo é a capital do Suriname, aqui na América do Sul mesmo, mas quem costuma ouvir falar deste curioso país, que até faz fronteira com o Brasil?
Os holandeses fundaram a cidade e colonizaram o Suriname, que servia de entreposto comercial. Carinhosamente chamada de Parbo, a capital fica na costa do Oceano Atlântico. O interior do país é coberto pela Floresta Amazônica. Em suma, o Suriname está de costas para o Brasil e, por causa desse isolamento geográfico, é culturalmente muito mais próximo do Caribe.
Minha chegada à cidade foi pelo aeroporto Johan Adolf Pengel, chegando de Belém do Pará e voando pela companhia aérea surinamesa. Devo ter sido um dos únicos turistas do tranquilo voo de quase duas horas de duração. Quando chego ao centro da cidade, noto a predominância de casas e de prédios de madeira e deparo com belas construções em estilo colonial no Centro Histórico, mais precisamente na Avenida Waterkant, uma área tombada como Patrimônio Mundial pela Unesco. As ruas e as praças têm nomes em holandês, como a Onafhankelijkheidsplen, a praça da independência.
Caminhando pelas ruas de Parbo, percebe-se a diversidade cultural. Encontramos indianos, africanos, javaneses, holandeses, indígenas, chineses... Até alguns brasileiros e muitos mestiços fazem parte do cotidiano. A atendente de uma lanchonete falava sete idiomas, incluindo o português. Na TV, pode-se ver vários filmes indianos produzidos em Bollywood.
Em reflexo à diversidade cultural, há a religiosa. A religião predominante é a cristã, seguida da hindu, da muçulmana, das crenças afro-surinamesas, indígenas, judaicas e budistas, além do bahá’í e do kejawèn, uma crença animista vinda da ilha de Java. A Keizerstraat simboliza a harmonia. Do lado de uma grande sinagoga, fica uma imponente mesquita. Há também a bela Basílica São Pedro e São Paulo, considerada a maior igreja de madeira do mundo. E pelas ruas encontramos templos hindus, entre eles o Arya Dewaker e o Shri Vishnu Mandir.
Por causa da heterogeneidade étnica, é difícil definir o prato típico. Podemos comer rotis e chapatis indianos; bakabana, banana frita crocante, uma receita javanesa; pannekoek, panquecas holandesas; e rolinhos primavera chineses com arroz frito.
A cidade é plana, e o calor é úmido, característico do ano todo – lembre-se de que o clima é equatorial. Às margens do Rio Suriname, estão algumas atrações turísticas, como o Fort Zeelandia, fortificação erigida para defender a cidade no começo do século 17 e hoje um importante museu; o Centrale Market, mercado de produtos locais; a Palmetuin, uma bela praça repleta de palmeiras; a enorme e alta ponte Jules Wijdenboschbrug, que liga a cidade a Meerzorg, repleta de comércio chinês e javanês; as avenidas Waterkant e Kleine Waterstraat.
O custo é razoável. Uma cerveja nacional custa em torno de R$ 5,60, um combo do Big Mac sai por volta de R$ 18 e o litro da gasolina, R$ 4,30. Não é extremamente barato, mas também não é um padrão suíço.
Isso é um pouco de Parbo, uma simpática, desconhecida e exótica cidade no nosso continente.
*Servidor público e viajante