Por Valderez Anzanello, especial*
Por duas vezes visitei o Salto de Yucumã (para os hermanos, Saltos Del Moconá), apaixonada que sou por esse lugar que considero um dos mais lindos do nosso Estado. Mas o que sempre me encantou, e dá o toque final a esse cenário, é ver os botes que sobem e descem o canal e, com mais ou menos emoção, chegam bem próximos às quedas, fazendo a alegria dos turistas. Eles despertaram em mim uma vontade imensa de fazer o mesmo.
Precisava saber de onde saem esses botes. Depois de alguma pesquisa, descobrimos que esse passeio é feito saindo da pequena cidade de El Soberbio, na província de Missiones, na Argentina. É na época da seca, que vai de novembro a abril, que o salto revela todo o seu esplendor. Para que tudo dê certo, é necessário que a data escolhida para a viagem coincida com previsões do tempo favoráveis, de preferência com sol. Cabe ressaltar que os botes só saem em condições de absoluta segurança.
Então, de olho no tempo, com hotel reservado e espírito de aventura, saímos em direção a Tiradentes do Sul (RS) e fomos até Porto Soberbo, em uma das margens do Rio Uruguai e onde fica localizada a aduana do lado brasileiro. É importante ficar atento aos horários de funcionamento, tanto da aduana quanto da travessia da balsa – aos domingos ambas estão fechadas. Além da documentação pessoal, é também necessária a carta verde, um seguro obrigatório para carros do Mercosul e que pode ser feito no local.
Após a travessia de balsa e os trâmites alfandegários, chegamos ao lado argentino e percorremos 65 quilômetros em uma estrada asfaltada, a R2, para chegar ao posto do Parque Provincial Del Moconá, que conta com amplo estacionamento, restaurante, loja de artesanato, sanitários e trilhas em meio à selva argentina. A partir daí, são 700 metros até o embarcadouro, onde está a atração principal: o passeio náutico, que dura em torno de 25 minutos de pura emoção e custa R$ 50.
Fazer esse passeio ao lado da maior queda d’água longitudinal do mundo, com aproximadamente 1,8 mil metros de extensão e profundidade de até 150 metros, foi tão impressionante que pediu bis. A primeira experiência foi feita à tarde, e a segunda, na manhã do dia seguinte, período melhor para tirar fotos. Elogios devem ser feitos também aos guias do parque, muito simpáticos e atenciosos.
O Parque Nacional de El Soberbio é o destino perfeito para quem aprecia o contato com a natureza, a aventura e a contemplação. Para aproveitar melhor o que esse lugar oferece, o ideal é ficar pelos menos três dias. Há excelentes lodges de selva num raio de 25 quilômetros de distância dos Saltos. Andando por estradinhas de terra, a caminho do Yucumã Lodge, vimos muitas plantações de citronela e descobrimos que essa região é a principal produtora do país. O óleo essencial é usado na fabricação de repelentes contra insetos e produtos de limpeza, além de aplicações na medicina.
Então, antes que o verão acabe, partiu El Soberbio! Garantia de muita emoção, aventura e momentos inesquecíveis.
*Leitora de GaúchaZH, Valderez Anzanello é economiária aposentada e mora em Veranópolis.