A chilena Javiera e duas amigas aterrissam no Brasil em 13 de dezembro. As três jovens embarcam em Santiago e percorrerão a rota que será feita por até três voos diariamente nesta temporada. A frequência da viagem aérea do Chile para Santa Catarina, que chegam ao aeroporto de Florianópolis, vai triplicar neste verão. Isso significa mais turistas chilenos, que são o segundo grupo de estrangeiros que aparecem com frequência por aqui via aeroportos. Eles, a provar por Javiera, e todos os turistas estão na expectativa para que esta seja uma grande estação. E a julgar pelos indicadores e projeção para a temporada, os catarinenses, receptores, estão mais otimistas pelos pontos positivos que o verão traz.
A novidade deve vir pelos ares. A partir da próxima semana, a primeira companhia aérea com voos de baixo custo (low cost) começa a operar no Brasil. Este tipo de empresa trabalha com preços abaixo da média, mas oferecem pouco ou nenhum serviço aos passageiros. A Agência Nacional de Aviação Civil deve autorizar mais linhas aéreas do tipo, o que significa mais opções de voos para brasileiros e gringos que desejam nos visitar.
A segunda rota que a chilena Sky Airlines estreia no Brasil é Santiago-Florianópolis, e a primeira viagem da capital do Chile para a Ilha de Santa Catarina ocorre na próxima terça-feira (06). No auge da temporada de verão, em janeiro, o aeroporto de Florianópolis vai receber, por dia, nove voos da Argentina e três voos da capital chilena. Do Uruguai, serão cinco viagens por semana. Em Navegantes, serão mais três voos semanais na rota para Buenos Aires, além dos três que começaram a operar na última temporada. O trajeto Navegantes-Foz do Iguaçu (PR) vai ser iniciado neste verão com três viagens por semana.
A expectativa, portanto, é que o número de turistas estrangeiros que chegarão pelos ares aumente na temporada 2018-2019. Os visitantes dos países vizinhos – Argentina, Uruguai e Paraguai – continuarão como a maioria absoluta, mas a projeção é que, desta vez, o sotaque chileno tome um pouco do espaço do castelhano argentino.
Do Pacífico para o Atlântico
Javiera Ruz, de 24 anos, moradora da capital do Chile, Santiago, vem ao Brasil pela primeira vez em dezembro para ficar uma semana. Ela e mais duas colegas do mestrado em Geologia escolheram Florianópolis para passar sete dias e estão com a expectativa altíssima em relação à natureza da capital catarinense. Elas ainda não têm onde ficar, mas receberam indicações, e o mais provável é que fiquem em um hostel.
As amigas compraram as passagens em agosto por 140 mil pesos chilenos (aproximadamente R$ 750) ida e volta. Ao encontrarem os tíquetes na internet, compraram no mesmo instante. Escolheram o destino das férias, a primeira que passarão juntas, e nem chegaram a pesquisar outros lugares.
– Na nossa lista, temos praias e trilhas em primeiro lugar. Aqui, escutamos muito sobre as praias brasileiras. O nosso litoral tem o mar frio e turbulento, as praias do Brasil são mais paradisíacas – diz Javiera.
De acordo com o Ministério do Turismo, em 2016 foram 15.133 chilenos que aterrissaram no Estado; em 2017, foram 17.629. O Chile é o segundo país que mais envia turistas a Santa Catarina pela via aérea, atrás da Argentina, que vem numa linha de tendência de queda, devido às turbulências econômicas enfrentadas pelo país vizinho.
Menos choripán, mais hot dog com abacate
A tendência é ver pelas orlas menos consumidores de choripán – o tradicional sanduíche argentino com recheio de linguiça – do que nos anos anteriores e mais apreciadores de hot dog com palta - creme de abacate temperado.
Neste verão, há uma projeção de que os argentinos fiquem em casa e não apareçam em tão grande número. No principal jornal portenho, El Clarín, o editor Pablo Vaca escreveu que a crise econômica pela qual passam os hermanos será boa para alavancar o turismo interno – deles.
– Com o dólar a 38/40 pesos disse tchau (ou até logo, nunca se sabe) a Punta, Florianópolis, Reñaca e Miami – opinou Vaca em artigo no Clarín.
Dias ensolarados para a economia
O setor de serviços vê uma temporada de bons resultados quando olha para o céu deste verão. E isso é bom para todo o Estado, visto que o turismo responde por 12,5% do produto interno bruto catarinense, de acordo com a Secretaria de Turismo, Cultura e Esporte.
Ao passo que a vinda de turistas dos países próximos cresceu na última temporada, se a comparação for feita com o ano anterior, também houve aumento do ticket médio – valor gasto por cliente em um estabelecimento – do turista que visita Santa Catarina.
Segundo análise da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de SC (Fecomércio-SC), esse indicador mostrava queda desde a temporada 2014. No último verão, o ticket médio ficou em R$ 156,11, 15% maior do que os R$ 135,28 da temporada 2016/2017.
Embora não existam dados dos gastos do turista internacional, é possível constatar que com esse crescimento do gasto por cliente, o percentual de estrangeiros no Estado também teve alta. Há dois verões, os turistas de fora do país representaram 12,4% do total de visitantes. Já no último, foram 29% do total, segundo a mesma pesquisa da Fecomércio-SC.