Uma península com uma agitada origem histórica. Assim é Búzios, no litoral do Rio de Janeiro. Um lugar que já viu guerras entre índios Tupinambás e Goytacazes, foi ponto de parada de piratas franceses e ingleses – sempre ameaçando a Coroa Portuguesa, de traficantes de pau-brasil e de escravos, que tornou-se com o tempo uma pacata vila de pescadores.
Búzios foi novamente sacudida no século 20, com a chegada dos anos 60, trazendo um furacão humano que mudaria pra sempre os rumos do lugar: a atriz francesa Brigitte Bardot.
Brigitte chegou ao Brasil para passar férias com o namorado marroquino-brasileiro Bob Zagury em 7 de janeiro de 1964. Perseguida pela imprensa no Rio, Brigitte embarcou num furgão e rumou para Búzios em busca de refúgio pela primeira vez em 13 de janeiro, acompanhada de Bob. A atriz hospedou-se na Praia de Manguinhos, na casa que pertencia a André Mourasieff, então representante das Nações Unidas no Brasil e amigo de Bob.
Enquanto a ditadura militar assumia o poder no Brasil, Brigitte encontrava a tranquilidade que tanto procurava à beira-mar. Búzios deu a ela quatro meses de passeios de barco, banhos de sol, e caminhadas, curtindo principalmente as praias de Manguinhos e João Fernandes, além de um convívio cordial com os nativos.
Em uma segunda passagem no ano seguinte, a atriz hospedou-se na casa do argentino Ramon Avellaneda, na atual Rua das Pedras, onde hoje funcionam a Pousada do Sol e o restaurante Cigalon. Mas dessa vez, a imprensa não a deixou em paz. Brigitte Bardot passou o réveillon de 1965 no balneário, deixou Búzios e nunca mais voltou.
Daí em diante Búzios entrou no mapa do mundo e virou rota para outros personagens célebres, entre eles Mick Jagger (hospedou-se na Casa de Renata Dechamps, mãe da atriz Alexia Dechamps) e integrantes da banda Queen, Madona e U2.
– Se não fosse a Brigitte, Búzios não teria recebido tantos estrangeiros, que vieram morar aqui e acabaram contribuindo para o desenvolvimento econômico e a cultura e arquitetura locais. Búzios é hoje o quinto destino mais procurado por turistas no Brasil, e ela tem grande responsabilidade nisso – reconhece o prefeito André Granado.
A marca da atriz francesa foi tão grande que há até um trecho belíssimo da cidade com o seu nome: a Orla Bardot, onde também há uma estatua em sua homenagem. E após anos sem falar sobre Búzios, em 2014, no alto de seus quase 90 anos, a eterna musa enviou uma carta escrita de próprio punho, onde afirmou: "Búzios, onde eu fui mais feliz".