Gá alguma coisa no ar do México que faz com que este país seja diferente de qualquer lugar que você já visitou. E não estou falando de Cancún, destino mais conhecido e bastante procurado pelos brasileiros. Estou me referindo a um país que mescla o orgulho de sua história com um olhar de curiosidade em relação ao futuro. Estou falando de uma mistura de religiosidade, temperos, cores, músicas e cheiros que transformam a personalidade deste lugar em algo único.
Ao mesmo tempo em que o espanhol é doce o bastante para usar diminutivos sem parcimônia, os mexicanos são a representação do over. Desde o uso abusivo (e lindo) de cores em suas casas ao número impressionante de moradores da Cidade do México - 22 milhões - à comida invariavelmente apimentada e os depoimentos dramáticos sobre o cotidiano, tudo é demais por aqui.
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E há muito mais para se observar: a maneira como dirigem, as cores de Frida Kahlo, os murais imensos de Diego Rivera no Palácio do Governo, os prédios inclinados que insistem em ficar de pé, as impressionantes construções de impérios indígenas que deixaram legados culturais marcantes na cultura local. Sem falar em sua peculiar culinária, considerada Patrimônio da Humanidade pela Unesco, e em suas bebidas mais famosas, a tequila e o mezcal.
O país tem, como no Brasil, seus problemas: a luta contra os cartéis, a pobreza e a influência americana em todas as decisões políticas.
E, agora, sem a necessidade de visto, é hora de os brasileiros invadirem o México. Mas prepare-se: estamos falando de um lugar incomum. Você não será o mesmo depois de pisar por aqui.
Da arte à tequila
A Cidade do México tem mais de cem museus, mas pelo menos três são imperdíveis. Em Xochimilco, visite o Museu Dolores Olmedo, onde está boa parte do acervo de obras do pintor Diego Rivera, de quem Dolores foi amiga.
Não perca, sob hipótese alguma, a possibilidade de conhecer a casa onde a pintora e ícone pop Frida Kahlo morou. Além do ingresso, é preciso pagar uma taxa para tirar fotos dentro da residência. Circular pelo local é uma experiência marcante: seus itens pessoais estão bem preservados, e é possível observar, por todos os cantos, o quanto a cultura mexicana marcou a vida de Frida e como seu legado é importante para a arte mundial.
A casa da pintora mexicana fica no charmoso bairro de Coyoacán. Depois do museu, não deixe de visitar a praça do bairro, com bares, lanchonetes, comércios de artesanato e muita gente disposta a aproveitar o dia a céu aberto.
Por último, reserve um dia inteiro para conhecer o Museu de Antropologia do México, um dos maiores motivos de orgulho de sua capital. Ali, é possível conhecer costumes e legados dos principais impérios indígenas que viveram na região. Não perca a sala dos astecas, onde está o calendário que explicava a sua versão do mito da criação - muito antes de Charles Darwin, os astecas já diziam que o homem descendia do macaco.
A igreja torta
A Basílica de Nossa Senhora de Guadalupe é um ponto obrigatório no roteiro de católicos que vão à Cidade do México, mas há outros motivos para visitar o lugar: a suntuo-sidade de templos e capelas e a possibilidade de observar a devoção de mexicanos à santa e de tentar compreender como é que a antiga igreja dedicada à virgem continua em pé.
Como comentou o guia que nos acompanhava, antigamente se entrava no santuário para que a santa intercedesse em causas pessoais e para que o prédio não desabasse durante as orações. Com a construção da nova basílica, mais moderna e com capacidade de lotação de 10 mil pessoas, o antigo prédio se estabilizou, mas continua torto: ao pisar na igreja, é impossível não sentir uma sensação de vertigem.
Vá de trajineira
A Cidade do México tem inúmeras opções de passeios em lugares históricos. Entre eles, está a região de Xochimilco. É um lugar óbvio para turistas visitarem, mas as cores e a graciosidade de cada trajineira (o nome dado às embarcações de Xochimilco) tornam o roteiro agradável e divertido. Passeando com os barquinhos pelos canais do bairro, é possível ver como os astecas construíram ilhas artificiais que serviram, em um primeiro momento, para a agricultura e, mais tarde, para a instalação de novas moradias. Também é um bom lugar para se ter contato com os hábitos mexicanos: é comum famílias alugarem trajineiras para passar a tarde, seja comemorando algum aniversário ou jogando conversa fora enquanto os barquinhos correm suavemente pelo rio.
264 degraus
A 40 quilômetros da Cidade do México, surpreenda-se com o sítio arqueológico de Teotihuacan, construído pelos teotihuacanos, povo que viveu na região muito antes dos astecas. Eles eram conhecidos principalmente pelo domínio da pedra obsidiana e da produção de artefatos a partir do maguey, planta semelhante ao agave usado na fabricação de tequilas e mescais. Séculos mais tarde, os astecas chegaram à região e usaram as pirâmides de Teotihuacan em seus rituais.
Visite a região e prepare o corpo para subir os cem degraus da Pirâmide da Lua - a escadaria é bastante íngreme e não chega ao topo da edificação - e os 264 da Pirâmide do Sol, onde é possível uma vista impressionante das construções deixadas pelo grupo. Releve a quantidade imensa de comerciantes e resista às pechinchas oferecidas por eles - quase tudo o que é vendido ali corre o risco de não ser original.
Entre tequilas e mezcais
Para encerrar a visita à Cidade do México, não deixe de conhecer o Museu da Tequila e do Mezcal. A construção é bem moderna, conta com um restaurante no terraço onde é possível ter uma vista interessante da cidade e tomar uma típica (e apimentada) sopa de tortillas.
A exposição de garrafas de tequila e mezcal chama a atenção pela variedade, pelos diferentes formatos das embalagens e pela adoração que os mexicanos têm por suas bebidas mais tradicionais. O espaço conta ainda com uma ala dedicada aos mariachis, que ocupam a Plaza Garibaldi para cantar e disputar a atenção dos moradores há décadas.
*Repórter viajou a convite do Fideicomiso de Turismo de Puerto Vallarta
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