( ) Faltam apenas duas horas para meu embarque rumo a Katmandu O agito no aeroporto de Guarulhos, com crianças chorando, belas mulheres de salto alto desfilando com suas Louis Vuitton, homens de terno conectados com seus notebooks, adiantando algum trabalho, e eu contrastando com minha roupa de aventureiro e duas pesadas mochilas ( )
Elias Luiz
Essa é uma das anotações que o fotógrafo Elias Luiz, 39 anos, rabiscou em seu diário de viagem sobre o Nepal, em outubro passado. Representante de uma versão contemporânea de desbravadores do além- mar, Elias junta- se a outros mochileiros dispostos a viver grandes aventuras e registrá- las num caderninho para a posteridade. Novos autores de relatos históricos, eles gravam suas impressões em papel e lápis. Nada passa em brancas nuvens no itinerário.
Nessa viagem, o companheiro é o legendário moleskine. Secular caderno de anotações usado por grandes pensadores e artistas, como Pablo Picasso, Ernest Hemingway e Vincent van Gogh, ele ressurgiu há pouco mais de uma década para compor prateleiras de livrarias e papelarias pelo mundo. De lá para cá, o caderno já foi adaptado por outras marcas, ganhou versões com capa colorida, em espiral e modelos de luxo ( lançados pela Louis Vuitton). Mas a versão " pretinha básica" nunca sai de moda.
Elias não dispensa anotações sobre o clima, a geografia, as pessoas, a comida e tantos outros assuntos que encantam os olhos do viajante:
- Conto muito a história do dia e, às vezes, resumo para não faltarem folhas. Com a descrição do itinerário, também colo selos, adesivos, rótulos de cerveja, mapas, papel de bala.
Os moleskines e outros cadernos de viagem compartilham espaço com suportes digitais, tais como blogs e outros arquivos virtuais. Para postar informações sobre as viagem que faz, Elias também recorre ao iPod comprado há pouco mais de três anos.Mas mesmo com a ajuda do suporte virtual, o bom e velho método de encontrar uma sombra, um banco e escrever num caderno deve perseverar. Até porque não é sempre que se encontra um cyber café à disposição. Vale mesmo caneta e papel à mão para descrever como é encontrar- se e perder- se em países do outro lado do planeta.