
Um equipamento aparentemente simples, de existência já antiga, fácil de carregar para lá e para cá (dependendo do modelo), mas que anda meio esquecido, substituído pela praticidade dos celulares. Por ele, baseiam-se compromissos, agendam-se vidas.
Em São Paulo, onde o tempo voa - e há museus de futebol, de arte e da língua portuguesa -, o relógio não passa sem destaque. Ele é o centro das atenções no Museu Professor Dimas de Melo Pimenta, com seus aproximadamente 700 acessórios, entre relógios e outros marcadores de tempo, de variados mecanismos, modelos, marcas e épocas. Se tiver um tempo, vá à metrópole e veja-os.
E vem gente de todas as idades e de todos os lugares. Todos ficam encantados, explica Bartira Romero, de 35 anos, monitora que acompanha as visitas, sempre agendadas.
- O primeiro impacto é na entrada. São relógios de muitos tamanhos espalhados. Todos funcionam - conta.
O mais antigo é um relógio de bolso alemão, do século 16. Além dele, estão guardados os primeiros equipamentos de ponto, o relógio vela (que funciona com água) e um que também funcionava como cofre.
Os modelos passam pela modernidade, como os que funcionam por meio de energia solar, e voltam no tempo, chegando ao século 16. Alguns deles são bem inusitados. Imagine, por exemplo, acordar com o café já preparado, coado na hora, feito sem a ajuda de uma outra pessoa, e sim do relógio.
- É um processo automático: cerca de 18 minutos antes do horário marcado para despertar, o relógio de corda aciona um sistema que ferve a água e coa o café, ambos guardados em um compartimento. No tempo certo, ele desperta as pessoas, com o café pronto - descreve Bartira.
O equipamento, da década de 1920, foi criado nos Estados Unidos e mede cerca de 15 centímetros. Outro relógio bem diferente confunde a noção de horário e anti-horário. Ele simplesmente inverte a rotação.
- A ideia veio de um barbeiro norte-americano. Ele queria que os seus clientes não perdessem a hora e pudessem acompanhar o horário no reflexo do espelho - conta Bartira.
Já o relógio atômico não se atrasa nunca. Ou quase nunca: um segundo a cada 200 anos. É o mais preciso do mundo e funciona com a contabilização do tempo a partir da leitura dos átomos. Uma das 700 peças pertenceu a Amélia, a segunda imperatriz brasileira, no século 19.
O acessório é todo feito em ouro e pérolas e vem com um porta-perfume. Atrás dele, o brasão da família, da época, em uma demonstração da proximidade do acessório com o status e o poder. Por fim, não poderia faltar o cuco: um dos modelos foi inspirado nas florestas alemãs e remonta ao século 19. De meia em meia hora, aparece ele, o cuco, com a camponesa, ao som de música clássica.
Serviço
Museu do Relógio - Professor Dimas de Melo Pimenta - Na Avenida Mofarrej, 840, Vila Leopoldina, São Paulo. Informações: www.dimep.com.br/museu-do-relogio