Os sete municípios do Rio Grande do Sul e Santa Catarina que compõem o Geoparque Caminhos dos Cânions do Sul divulgaram nesta quarta-feira (31) o balanço de atividades e anunciaram as expectativas para desenvolvimento turístico da região. Local foi reconhecido em abril de 2022 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como geoparque global.
No Rio Grande do Sul, fazem parte do Caminhos dos Cânions do Sul, Torres, Mampituba e Cambará do Sul, e em Santa Catarina são membros Praia Grande, Jacinto Machado, Timbé do Sul e Morro Grande, o que totaliza uma área de 2.830 quilômetros quadrados e uma população de pouco mais de 78 mil habitantes, conforme estimativa 2022. Paisagens características do Rio Grande do Sul, como o Morro da Guarita, em Torres, e os cânions Itaimbezinho e Fortaleza estão nestas áreas.
O título de geoparque é dado a 195 parques distribuídos em 48 países, sendo que cinco territórios estão no Brasil.
Conforme o Sebrae Santa Catarina, responsável pelo projeto de desenvolvimento turístico do geoparque, está foi a primeira vez que os municípios se uniram para um plano integrado.
— As ações de promoção no mercado depois do lançamento da georrota têm sido bem positivas, com bastante procura das operadoras e das agências. Considerando que o turismo é um eixo importante do desenvolvimento econômico previsto na gestão do geoparque, e trazendo também pro desenvolvimento social e sustentável, pela questão cultural. A gente vê que é um projeto com bastante perspectiva de dar certo, e ainda temos dois anos pela frente — destacou a gerente de projetos da Regional Sul do Sebrae/SC, Juliana Ghizzo.
O prazo ocorre porque o título de geoparque não é definitivo e precisa de revalidação da Unesco a cada quatro anos, a fim de garantir que os requisitos do programa seguem sendo cumpridos.
Ampliação de turismo rural e balonismo
Ao longo de 2023, representantes do Geoparque se dividiram em grupos de trabalho para analisar diferentes frentes. Até maio deste ano deve ser criado um roteiro rural, que até o momento possui a adesão de 25 empreendimentos.
Em Mampituba (RS), por exemplo, já é possível realizar um tour de Jiricó, que é um trator usado na região para transporte de bananas. Nesse passeio, o turista passa entre os bananais e segue até mirantes onde é possível observar cânions e vales da região. No atual catálogo de roteiros, é possível encontrar outras opções de passeios.
Outra marca forte da região, principalmente de Torres e Praia Grande, o projeto também busca a ampliação do balonismo. Um grupo de trabalho tem como objetivo identificar fatores que possam impulsionar ainda mais atividades. Esse passeio já está disponível em agências de turismo de Torres, Cambará do Sul e Praia Grande.
Também está nas intenções aumentar a oferta de hospedagens e gastronomia na região. Na maioria dos locais, é possível avistar de frente o cânion Malacara, um dos mais conhecidos da região.
— Há cinco anos não tinha nada, né? Tinha uma lojinha que outra, não tinha serviço, o pessoal tinha que ir pra fora. Agora falta mão de obra, que se quiser fazer uma construção como essa aqui (chalé) não tem gente. Tá muito bom pra nós — destacou o construtor Daniel Bernardino, de 37 anos. Ele mora em Praia Grande desde que nasceu e migrou da roça para o ramo da construção e manutenção de chalés.
Opções gratuitas
Além das atividades pagas, o geoparque inclui atrações abertas ao público, como é o caso do Parque da Guarita, em Torres. Em uma trilha de fácil acesso, é possível percorrer o Morro da Guarita que contorna o mar, observar de perto formações rochosas e mais distante a Ilha dos Lobos. São quatro opções diferentes de trilhas, de nível fácil a difícil, com tempo de duração que pode ir de 1h a 2h30min. A única cobrança é para acesso com veículos, no valor de R$ 20 na alta temporada.
Na caminhada, que pode começar pela Praia da Cal, o turista encontra escadarias para subir no morro e se aproximar das furnas. Painéis ilustrativos estão distribuídos ao longo do caminho. Em um mirante, é possível observar a praia da Guarita e as torres de rocha, que dão o nome à cidade.
— Essa praia é muito linda! A visão aqui de cima do morro, principalmente, dá para ter uma visão bem panorâmica de Torres. Inclusive é uma das praias mais bonitas que tem no Rio Grande do Sul. Eu que gosto muito de praia, de natureza, pra mim é maravilhosa. Muito grata de ter ela em solo gaúcho e que bom ela ser aberta também — destacou Martina Weber, moradora de São Leopoldo, que estava acompanhada do namorado, Martin Smodis.
O que é um geoparque
Geoparque é um território com limites definidos e com uma estratégia de desenvolvimento sustentável. Os locais são sustentados em três princípios: envolvimento da comunidade, compromisso dos gestores públicos e colaboração dos empreendedores locais.
Para ser reconhecido pela Unesco, o geoparque precisa de quatro principais características: patrimônio geológico de valor internacional, gestão, visibilidade e intercâmbio com outros geoparques no mundo. O processo de reconhecimento começou em 2012 e só foi finalizado em abril de 2022, após análise de relatórios, projetos e até visitas de representantes de outros países.