Se assistir ao nascer do sol no mar é algo que todos deveriam fazer ao menos uma vez, ver o espetáculo dos primeiros raios da manhã diretamente do céu também é. Nossa experiência em um passeio de balão em Torres começou às 4h40min de sábado (6), quando encontramos a equipe da Trip Balonismo Aventura e seguimos até o local de decolagem, em uma propriedade no bairro São João.
A aventura já começa com a preparação dos gigantescos balões. Enquanto eles eram inflados, pudemos caminhar por dentro do maior balão do Rio Grande do Sul, que também levantou voo naquela madrugada.
Às 5h35min, após escalarmos o cesto e nos posicionarmos nas divisórias internas, decolamos lenta e suavemente. Os voos, no verão, ocorrem principalmente ao nascer do sol, quando há condições mais favoráveis de vento. Dez pessoas estavam no cesto – eu, a repórter fotográfica Camila Hermes e o piloto éramos os únicos brasileiros; os outros passageiros eram todos uruguaios. Na sequência, mais três balões alçaram voo, resultando em uma bela e coordenada ação que observamos já do ar.
À medida que subimos, os ouvidos se fecham. Apesar do horário, do vento e da altitude, não fazia frio. Além disso, é possível sentir o calor das chamas enquanto o piloto opera o maçarico, que acende e apaga, consecutivamente.
Furando as nuvens
Os passeios dependem das condições de vento – justamente por isso, o roteiro é livre. Havia uma camada baixa de nuvens no início da manhã de sábado encobrindo o céu, mas isso não estragou a beleza do passeio. Ao olhar para baixo, vemos tudo em miniatura: casas, matas, estradas, fazendas e animais – desde bois e galinhas a cavalos galopando.
O espetáculo visual fica completo com a presença dos outros balões, que entram e saem do campo de visão, subindo e descendo. Em meio à operação do maçarico, reina o silêncio, sendo possível ouvir sons de bichos ao sobrevoar áreas de mata.
Em alguns momentos, o balão desce e se aproxima do chão, como quando sobrevoamos a Lagoa do Jacaré. A parte mais impressionante, contudo, foi ganhar mais altitude, “furar” as nuvens – é como atravessar um algodão, mas sem sentir nada – e ver o sol brilhando iluminando o céu lá em cima.
Ainda que o vento não permita chegar perto da praia, foi possível ouvir o mar. Antes de pousar, sobrevoamos ainda uma avenida, por onde passavam carros e caminhões.
A única parte que gerou certo medo foi o final, quando, para frear, o cesto raspa em galhos de árvores. O pouso, com emoção, aconteceu às 6h05min. Como a aterrissagem é realizada onde há condições para tal, paramos em meio a um sítio. A equipe de resgate, que segue o balão por terra, vem em seguida para retirar os passageiros do cesto e removê-lo. Depois, é preciso encontrar algum caminho para sair da propriedade. Ao final, a experiência é encerrada com um brinde de espumante ao sucesso do voo.
A empregada doméstica uruguaia Adriana Caviglia, 58, adorou o passeio, que definiu como “espetacular e divino”.
— Quando subimos acima da nuvem, isso me encantou. Quando fomos nos distanciando do chão devagar, foi emocionante, e deu um nervoso, ao ver as coisas pequenas lá embaixo. Depois, bom, a aterrissagem é um pouco (risos)… mas estava tudo lindo, incrível — contou.
Segurança
O piloto Ricardo Lima garante que o voo de balão é considerado um dos mais seguros do mundo, desde que respeitadas as condições climáticas e a manutenção de equipamentos.
— Hoje o Brasil é um dos maiores fabricantes de balão no mundo, então facilita bastante, não só a questão de inserção neste mercado e esporte, como também a questão da formação. Quanto mais balões voando, mais pessoas têm vontade de se formar piloto. Torres é considerada a capital nacional do balonismo, e aqui ocorrem os voos mais lindos do Brasil, considerado por muitos pilotos e muitas pessoas que vem aqui desfrutar dessa beleza e tranquilidade que é o voo de balão — pontuou.
O voo foi suave e gostoso. Chegamos a atingir uma altura de 750 metros (o limite máximo permitido é de 2 mil metros, mas os balões costumam chegar entre mil e 1,5 mil), suficiente para ver o sol, com velocidade de 45 km/h (geralmente, são 15 km/h).
Algumas pessoas vêm de longe para vivenciar a experiência. O engenheiro civil Cledison Sozo, 38 anos, de Palotina (PR), e a analista administrativo Ingrid Atalla, 35, de Três Lagoas (MS), enfrentaram 15 horas de viagem de carro para chegar a Praia Grande (SC) e Torres. Eles estavam em um dos outros balões.
— Foi bem divertido, a visão panorâmica foi muito boa, muito bonita, em cima das nuvens, com o sol. Outro nível. Uma experiência inesquecível. O pouso foi tranquilo, não teve nada de mais, bem sossegado — ressaltou Sozo.
— Muito lindo. Foi bem tranquilo, só o frio na barriga mesmo (risos) — complementou Ingrid.
Sonho de muitas pessoas – inclusive desta repórter –, a experiência é divertida, emocionante e, sem dúvidas, cria memórias inesquecíveis. É uma opção de passeio diferente no litoral gaúcho, para além da praia (e do chão), que permite experimentar o famoso esporte da cidade. Recomenda-se ir preparado, com tênis de caminhada e calça. Além disso, é importante procurar uma empresa segura para fazer o voo.
Quem oferece voos de balão em Torres
Trip Balonismo
- Duração média: 45 minutos
- Ao nascer ou pôr do sol
- Voo exclusivo: R$ 1.800 para duas pessoas
- Voo coletivo: R$ 580 por pessoa
- Informações e reservas pelo site
Outras empresas também oferecem o serviço, como a Omega Balonismo e João do Balão.